O Café Joyeux, que é hoje inaugurado no NorteShopping, é um exemplo de como se podem criar oportunidades para jovens adultos com dificuldade intelectual e de desenvolvimento – como perturbações do espectro do autismo e trissomia 21, entre outras – e abrir as portas à inclusão. Nele vão trabalhar oito destes jovens (que representam pelo menos 50% da equipa de trabalho), e que pretendem conquistar os clientes e o seu espaço no mercado de trabalho.
O projeto, conta Filipa Pinto Coelho, CEO dos Cafés Joyeux Portugal e presidente da Associação VilacomVida, tem duas componentes. Por um lado, ajuda a “formar jovens autónomos e felizes” para que, apesar das suas dificuldades, consigam aceder ao mercado de trabalho. Por outro, permite à sociedade ter “contacto com a diferença, alterando mentalidades” e desconstruindo preconceitos. A ideia nasceu em França e chegou a Portugal há uns anos, tendo já permitido a abertura de estabelecimentos no sul do país. Este será o primeiro a norte.
Ao longo de dois anos, os funcionários vão fazer formação enquanto atendem os clientes. Passarão por quatro funções-chave na restauração – caixa, serviço de mesa, de cozinha e de barista – e depois receberão os diplomas de colaboradores polivalentes no setor da restauração. “O nosso objetivo é que se sintam fortes, confiantes e, acima de tudo, tecnicamente preparados para poderem juntar-se a outras equipas, sejam elas no setor da restauração ou noutras áreas de atividade que tenham vontade de conhecer”, diz Filipa Pinto Coelho.
Para já, quem entrar no Café Joyeux de Matosinhos é atendido com um sorriso e uma mão-cheia de estratégias criativas que visam assegurar a qualidade do serviço. Ao fazerem o pedido, por exemplo, os clientes recebem uma peça de Lego. O par virá depois, junto com a comida, para evitar trocas. O prato que chegar à mesa poderá ter sido idealizado pelo chef Miguel Castro e Silva, tendo em conta as dificuldades do staff. Ou estar detalhado num iPad que ajuda os jovens a ultrapassar obstáculos no cumprimento das suas tarefas.
É que, através do seu conceito de restauração, estes cafés procuram promover a autonomia dos jovens, mas também mostrar que “a diferença é compatível com um projeto de qualidade e um ambiente feliz”, transformando positivamente a forma como olhamos para a diferença.