O Exército de Israel anunciou nas últimas horas a demissão de três generais de cargos de topo e avançou com sanções disciplinares contra vários outros por não terem conseguido impedir o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023.


O major-general Aharon Haliva, na altura chefe de inteligência militar, o major-general Oded Basyuk, então chefe de operações, e o major-general Yaron Finkelman, que tinha assumido recentemente o comando do Distrito Militar do Sul de Israel, “serão afastados da reserva e deixarão de fazer parte do Exército”, de acordo com um comunicado.


No total, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, Eyal Zamir, retirou cerca de uma dúzia de oficiais de alta patente da reserva das Forças Armadas, incluindo generais, vice-almirantes, coronéis e tenentes. Alguns deles já se tinham demitido publicamente.

O general Haliva foi o primeiro responsável militar a colocar o cargo à disposição, em 2024, alegando a sua responsabilidade pela tragédia de 7 de outubro. Também o general Finkelman se quis demitir pelos mesmos motivos. O general Basyuk retirou-se após a guerra de 12 dias iniciada por Israel contra o Irão.


Segundo o comunicado do Exército, os três homens têm responsabilidade pessoal pelo fracasso da instituição militar em prever e repelir o ataque lançado pelo grupo islamita Hamas a partir da Faixa de Gaza contra o sul de Israel a 7 de outubro de 2023.


Relatório apontou “falha sistémica” no Exército

As demissões, agora colocadas em prática pelo tenente-general Eyal Zamir, surgem poucas semanas depois de concluído um relatório de peritos ordenado pelo Exército de Israel, marcando o fim das investigações militares acerca das falhas que levaram ao ataque de 7 de outubro.

O relatório concluiu que havia uma “falha sistémica e organizacional de longa data” no seio do Exército, nomeadamente uma “discrepância entre a realidade estratégica e operacional e a perceção (…) da realidade relativa à Faixa de Gaza e ao Hamas”.

O documentou destacou igualmente uma “falha de inteligência” militar na sua “incapacidade de dar o alerta”, mesmo quando o Exército dispunha de informações “excecionais e de elevada qualidade”.

Lamentando os “processos deficientes de tomada de decisão e de destacamento das forças na noite de 7 de outubro de 2023”, o comité apontou falhas ao nível do Estado-Maior, da direção de operações, da direção de informações militares, do Comando Sul, mas também da Força Aérea e da Marinha.

Além dos três generais demitidos, o Exército anunciou sanções disciplinares contra o general de divisão aérea Tomer Bar e o vice-almirante David Saar Salma, chefes da Força Aérea e da Marinha. Quatro outros generais e quatro oficiais de topo também serão alvo de medidas disciplinares.

A guerra na Faixa de Gaza teve início a 7 de outubro de 2023, quando o grupo islamita Hamas atacou o território israelita, provocando a morte de mais de 1.200 pessoas e cerca de 250 reféns.

Em resposta, a ofensiva militar israelita já matou quase 70.000 habitantes de Gaza, entre eles mais de 20.000 crianças, enquanto 170.863 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestiniano.

Esta segunda-feira, pelo menos quatro pessoas morreram em novos ataques do Exército israelita na Faixa de Gaza, apesar do cessar-fogo acordado a 10 de outubro, após o acordo para concretizar a primeira fase do plano apoiado pelos EUA para o enclave.

c/ agências