Era um Clássico de emoções fortes. Não só pela dimensão do desafio, mas pelo choque que abalou o Sporting num curto espaço de tempo: em poucos dias, os leões lamentaram a morte de Júlio Rendeiro, mítico antigo jogador e treinador, e também Juan Edo, pai do treinador Edo Bosch e avô do guarda-redes Xano Edo. A receção ao FC Porto, portanto, era por muito mais do que apenas aqueles que estavam na quadra.

No Pavilhão João Rocha, porém, as duas equipas defrontavam-se com alguma distância da liderança do Campeonato de hóquei em patins. Os leões entravam em campo no terceiro lugar, enquanto que os dragões estavam na sexta posição — ou seja, algo longe do topo onde está o Benfica, seguido do Óquei de Barcelos. Além disso, era apenas o segundo encontro entre os dois conjuntos esta temporada e depois da vitória do Sporting no prolongamento da Supertaça.

Morreu Júlio Rendeiro, antigo hoquista do Sporting e seleccionador nacional

“É um Clássico, resta pouco a falar de jogos frente ao FC Porto. Nos últimos dois anos temos tido muitos jogos contra eles, sempre com um nível de exigência altíssimo, infelizmente nos ‘playoffs’ as coisas não nos correram bem e agora temos um sentimento de que ficámos a dever alguma coisa aos adeptos, principalmente depois da derrota na época passada. Encaramos este jogo com as expectativas no máximo, sabendo que as dificuldades vão ser enormes, como o FC Porto nos tem colocado nos últimos jogos, mas vamos trabalhar. Trabalhar depois de vitórias é sempre mais fácil e no domingo tentar entrar com intensidade no máximo e qualidade também no máximo”, referiu Rafael Bessa, avançado dos leões, que vinham de uma goleada imposta aos italianos do Hockey Bassano na Liga dos Campeões.

“Vamos encontrar um grande rival que nos vai colocar dificuldades diferentes das do que o Reus nos colocou [na Liga dos Campeões]. Mais do que isso, temos de estar focados na qualidade da nossa equipa e em fazermos bem as coisas. Olhamos muito para dentro, para o que conseguimos fazer, para as nossas oportunidades, e somos candidatos a ganhar o jogo. Será certamente um jogo difícil em casa do nosso rival, mas será também um duelo complicado para eles”, referiu Paulo Freitas, treinador dos dragões, que vinha então dessa vitória europeia contra os espanhóis do Reus Deportiu.

Assim e a marcar presença no Clássico apesar da morte recente do pai, Edo Bosch lançava Xano Edo, Alessandro Verona, Facundo Navarro, Nolito Romero e Rafael Bessa, enquanto que Paulo Freitas colocava Xavi Malián, Edu Lamas, Rafa, Gonçalo Alves e Carlo Di Benedetto. O Sporting começou melhor, com mais aproximações à baliza contrária, mas o FC Porto recuperou algum equilíbrio depois de um cartão azul mostrado a Rafael Bessa.

Os leões conseguiram manter o nulo em inferioridade numérica e, pouco depois, capitalizaram precisamente o cenário inverso. Enquanto Hélder Nunes estava excluído, Facundo Navarro apareceu com muito espaço e abriu o marcador com uma pancada forte (12′), com Nolito Romero a aumentar a vantagem logo a seguir e enquanto os dragões ainda estavam com menos um jogador (13′). Até ao intervalo, Diogo Barata ainda fez o terceiro (18′), com o Sporting a terminar o primeiro tempo a vencer claramente o FC Porto.

O FC Porto regressou melhor para a segunda parte, criando várias oportunidades nos instantes iniciais, mas o Sporting não só foi conseguindo manter a baliza de Xano Edo totalmente invicta como chegou à goleada por intermédio de Alessandro Verona (28′). Telmo Pinto ainda reduziu para os dragões (42′), Di Benedetto acertou no poste logo a seguir (43′) e os dragões ainda ensaiaram uma reação.

Contudo, já perto do fim, Danilo Rampulla marcou para os leões (47′) e nem o golo tardio de Di Benedetto colocou o resultado em causa (50′). O Sporting goleou o FC Porto no Pavilhão João Rocha, somou a segunda vitória da temporada contra um dos principais rivais e viu Edo Bosch e Xano Edo homenagearem não só o pai e avô, como também Júlio Rendeiro.