Você provavelmente já assistiu a uma cena do nascimento de tartarugas. O momento em que elas saem dos ovos e ganham o oceano em busca de alimento é um momento mágico, que fascina cientistas e internautas de todo o mundo. Mas como seres que acabaram de nascer sabem para onde ir?
As hipóteses são de que as tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta), também conhecidas como tartaruga-comum e tartaruga-mestiça, conseguem mapear o campo magnético da Terra, como se tivessem uma bússola própria. No entanto, o mecanismo que possibilita essa identificação divide a comunidade científica.
Um estudo publicado no Journal of Experimental Biology aponta para dois dispositivos, que podem ser complementares. A primeira delas aponta que o sentido de mapa, que ajuda os animais a se localizarem por meio do campo magnético, está relacionado com magnetorreceptores baseados em cristais de magnetita, um mineral com forte magnetismo. Já o sentido de bússola, que aponta para onde eles devem ir, se baseia na presença de moléculas fotossensíveis.
Dança da tartaruga
Para entender por meio de qual desses sistemas elas conseguiam mapear o campo magnético, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, fizeram um experimento com tartarugas-cabeçudas recém-nascidas. Os testes se baseiam em um comportamento comum da espécie ao encontrar alimento, conhecido como “dança da tartaruga”. “Eles são muito motivados pela comida e adoram dançar quando acham que existe a possibilidade de serem alimentados”, explica Alayna Mackiewicz, uma das autoras do estudo.
Na primeira fase, os pesquisadores treinaram 16 filhotes durante dois meses. O objetivo do experimento era fazer com que as tartarugas associassem o campo magnético correto com uma recompensa alimentar. Assim, quando acertavam o campo com maior magnetismo, elas eram recompensadas e faziam a dança da tartaruga.
Após os dois meses, a pesquisa passou a investigar se as tartarugas continuariam a fazer o gesto mesmo sem ganharem comida. O experimento mostrou que, ainda assim, o comportamento de dança foi significativamente maior no polo magnético correto.
A terceira fase repetiu a investigação sobre o comportamento na ausência de recompensa, mas com uma diferença: antes do experimento, algumas tartarugas foram expostas a um pulso magnético. O objetivo era comprovar a hipótese de que o sistema de localização é composto, pelo menos em parte, por magnetita, já que os pulsos deveriam afetar a ação do mineral.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Os resultados mostraram que aquelas que foram submetidas ao pulso tiveram o sentido de mapa afetado e apresentaram redução significativa o hábito de dançar. Já aquelas que foram colocadas no magnetizador, mas não receberam o pulso, não apresentaram diferença de comportamento.
Embora evidenciem a presença de magnetita nas tartarugas, o estudo não aponta em que parte exata do corpo estão esses cristais.
Jornalista pela UnB, piauiense residente no DF, escritora e entusiasta de temas relacionados à educação e meio ambiente. Tem passagens pelo EuEstudante, assessorias e pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).