Além dos relatos de Moscovo sobre a evolução da frente de batalha em Pokrovsk e Zaporijia, o governador da parte russa da província de Donetsk indicou que as forças ucranianas estão a retirar-se do centro de Kostyantynivka, um dos principais bastiões de Kiev na região.
Denis Pushilin afirmou ao canal russo Rossiya-24 que as tropas de Moscovo “expandiram a sua área de controlo na direção de Kostyantynivka, onde também melhoraram as suas posições a sul e sudoeste da cidade”.
O governador de Donetsk ocupada acrescentou que “houve casos de abandono de feridos e de equipamento por parte do inimigo durante a retirada do centro de Kostyantynivka”.
Numa fase em que as autoridades de Kiev enfrentam a pressão dos Estados Unidos para aceitar um plano de paz que pode implicar cedências importantes à Rússia, as forças de Moscovo continuam a intensificar as suas operações militares na Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo anunciou hoje a “libertação completa” de dois bairros na estratégica cidade ucraniana de Pokrovsk.
“Na cidade de Krasnoarmeisk [nome russo para Pokrovsk], na República Popular de Donetsk, grupos de assalto do 2.º Exército libertaram completamente os bairros de Gornyak e Shakhtyorski”, afirmou o ministério em comunicado.
Segundo o relatório militar, as forças russas continuam também a eliminar tropas ucranianas em Rivne, nos arredores de Pokrovsk.
O Estado-Maior russo afirmou na semana passada que as tropas do país controlam atualmente cerca de 75% do território da cidade e expulsaram os ucranianos de outros 148 edifícios de Myrnograd, cuja conquista “é fundamental para completar o cerco” a Pokrovsk.
No domingo, as forças ucranianas afirmaram que mantém o controlo de Pokrovsk e, no seu relatório militar divulgado hoje de manhã e relativo às últimas 24 horas, indicaram que repeliram 62 assaltos russos na direção de localidades vizinhas.
No sul da Ucrânia, o Ministério da Defesa russo reclamou também a captura de Zatyshshya, a três quilómetros de Huliaipole, um importante bastião no sul do país.
Uma fonte do Ministério da Defesa disse à agência de notícias russa TASS que, após a captura de Zatyshshya, o exército tem caminho livre para avançar em direção a Huliaipole, onde viviam cerca de 2.000 pessoas no ano passado.
A Rússia tem feito avanços significativos no leste e sul da Ucrânia nos últimos meses, ao mesmo tempo que prossegue os seus bombardeamentos em grande escala contra as infraestruturas energéticas ucranianas, que frequentemente provocam vítimas civis.
Enquanto mantém a sua pressão militar sobre a Ucrânia, Moscovo rejeitou hoje as modificações introduzidas pelos países europeus ao plano de paz apresentado pelos Estados Unidos.
“Tomámos conhecimento do plano europeu que, à primeira vista, é absolutamente não construtivo, não nos convém”, disse o conselheiro presidencial para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov.
Os Estados Unidos propuseram na semana passada um plano de 28 pontos para acabar com a guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa em fevereiro de 2022.
O plano foi inicialmente bem acolhido pelo Kremlin por contemplar grande parte das suas exigências, considerando que estava em linha com o que o Presidente russo, Vladimir Putin, discutiu com o homólogo norte-americano, Donald Trump, em agosto numa cimeira do Alasca.
Vários dirigentes europeus receberam a proposta como uma base para negociar, mas defenderam que necessita de modificações ou, em todo o caso, de mais elaboração.
Delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reuniram-se no fim de semana na cidade suíça de Genebra para discutir o plano, de que saiu uma nova proposta, cujos termos não foram divulgados.
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