Portugal garantiu esta segunda-feira, pela primeira vez, a presença na final do Mundial de sub-17 (frente à Áustria), no Qatar, ao vencer o Brasil (6-5) no desempate através da marcação de grandes penalidades, com um pequeno drama à mistura.

O guarda-redes Romário Cunha foi o primeiro a falhar um penálti, dando ao Brasil a hipótese de garantir a presença na final e de lutar pelo penta. Mas Ruan Pablo acertou no poste e Portugal teve uma segunda oportunidade, que não desperdiçou. No fundo, venceu quem menos mostrou vontade de resolver o jogo nos penáltis.

Depois de uma primeira parte sob o signo do equilíbrio, ainda que ao maior controlo de Portugal tivesse respondido o Brasil com a melhor oportunidade de golo – numa falha de Mauro Furtado que Dell só não transformou em golo porque Romário Cunha e Martim Chelmik evitaram o pior -, o jogo tornou-se num exercício de grande calculismo.

De resto, no primeiro período, Portugal ainda tentou apoiar-se no suporte de vídeo para reclamar um lance de possível penálti, por mão de um defesa brasileiro a desviar remate de Mateus Mide.

Pretensão negada pelo árbitro após revisão do lance, com as imagens a mostrarem que foi o braço direito, junto ao corpo, a tocar inadvertidamente na bola, sem motivo para sanção.

Já na segunda parte, Bino Maçães gastou o segundo pedido de revisão numa entrada duríssima de Luís Pacheco sobre Duarte Cunha, com pedido de expulsão que o colégio de árbitros transformou, incompreensivelmente, em simples amarelo (critério largo que manteve a cinco minutos dos 90, numa entrada de Santiago Verdi).

Duarte Cunha teve mesmo de ser substituído, ficando o médio adaptado a lateral esquerdo em campo. O jogo do Brasil revestia-se de uma dureza excessiva, como resposta à iniciativa e proactividade de Portugal, certamente avisado da forma como os brasileiros exploraram a via dos penáltis para chegarem às meias-finais, como fizeram com Paraguai e França.

Com o jogo a caminhar rapidamente para o fim do tempo regulamentar, acentuou-se o pragmatismo do Brasil, que poderia ter sido traído numa finalização prometedoras de Anísio Cabral, instantes antes de ceder o lugar a Tomás Soares, que o artilheiro luso falhou estrondosamente.

Num dos raros ataques do Brasil na recta final, Zé Lucas rematou por cima, acabando mesmo por dar ao Brasil uma ligeira vantagem estatística nesse plano, confirmando a propensão para explorar a transição, deixando Portugal à vontade para assumir um jogo posicional.

Desse duelo nada resultou, pelo que a decisão acabou mesmo na marcação de penáltis, com Ruan Pablo e Angelo a entregarem a final aos portugueses.