O presidente da Ucrânia afirmou logo de manhã que houve progressos nas negociações de paz em Genebra com os Estados Unidos e a Europa, sublinhando que é preciso debater mais. “Progressos significativos” confirmados pelo presidente do Conselho Europeu. Mas do lado da Rússia as alterações dos líderes europeus ao plano de paz proposto por Washington foram rejeitadas.
“Tomámos conhecimento do plano europeu que, à primeira vista, é absolutamente não construtivo, não nos convém”, afirmou o conselheiro presidencial russo para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov.
Reação ao plano norte-americano
Os Estados Unidos propuseram na semana passada um plano para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. Plano bem acolhido pelo Kremlin por contemplar grande parte das exigências que têm sido feitas por Vladimir Putin para acabar com a guerra.
Mas do lado europeu, o plano foi visto como uma base para negociar e vários dirigentes consideraram que necessitava de modificações ou, em todo o caso, de mais elaboração. E durante o fim de semana, as delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reuniram-se na cidade suíça de Genebra para discutir o plano, de que saiu uma nova proposta, cujos termos não foram divulgados.
Citando meios de comunicação social ocidentais, a agência russa Ria Novosti noticiou que a União Europeia propôs que a Ucrânia mantivesse uma força de 800.000 efetivos, em vez dos 600.000 previstos no plano de Trump.
“Segundo algumas fontes, o plano europeu inclui uma proibição do destacamento de forças da NATO na Ucrânia em tempo de paz, enquanto, segundo outras, a decisão sobre a presença de tropas estrangeiras permanece com Kiev”, lê-se na Ria Novosti.
Ushakov disse aos jornalistas que o Kremlin só conhece a versão inicial do plano de Trump. Mas ninguém realizou quaisquer negociações específicas com representantes russos sobre este assunto”, esclareceu o conselheiro de Putin para as questões de política internacional.
Nesse sentido, o diplomata considerou lógico que os norte-americanos em seguida contactem Moscovo para “começar a discussão de maneira presencial”.
“Sabemos que há certos sinais nesse sentido, mas não existe um acordo concreto sobre um encontro entre representantes russos e norte-americanos”, assinalou, acrescentando que Kremlin não recebeu propostas sobre “quem e quando tenciona” deslocar-se a Moscovo para conversações.
Ushakov disse que muitas das cláusulas do plano enviado ao Kremlin pareciam “totalmente aceitáveis” para Moscovo, mas outras requeriam “uma discussão e uma análise o mais pormenorizada possível entre as partes”.
Admitiu que o plano, a que chamou de “espécie de projeto”, será objeto de revisões e modificações do lado russo, como, “muito provavelmente, do lado ucraniano, e dos lados norte-americano e europeu”.
A Casa Branca, por suas vez, considerou que as negociações na Suíça representaram um “passo significativo” e reafirmou que qualquer acordo final “respeitaria integralmente” a soberania da Ucrânia.
“Como resultado das discussões, as partes elaboraram uma estrutura de paz atualizada e aprimorada”, emitiu numa declaração comum.
O plano que Washington apresentou a Moscovo rejeitava categoricamente o ingresso da Ucrânia na NATO, enquanto a nova versão deixa espaço para uma decisão consensual dos países membros da Aliança Atlântica, segundo a EFE. Inclui ainda a redução do exército para um máximo de 600.000 efetivos ou a cedência à Rússia de territórios que não foram conquistados militarmente por Moscovo.
Além disso, obrigava a Ucrânia a abandonar todo o Donbass (Donetsk e Lugansk, no leste), quando as tropas de Kiev ainda controlam cerca de 20% do território da região de Donetsk.
Ambas as propostas não contemplam uma declaração de um cessar-fogo até que os dois lados aceitem o plano de paz, ainda de acordo com a agência espanhola.
Os Estados Unidos e a Ucrânia informaram num comunicado conjunto após as conversações realizadas no domingo em Genebra que elaboraram “um quadro de paz atualizado e aperfeiçoado”.
“Qualquer acordo futuro deve respeitar plenamente a soberania da Ucrânia e alcançar uma paz justa e sustentável”, disseram no comunicado.
c/agências