Do ponto de vista militar, não há meios suficientes na região para uma invasão total, mas há capacidade para ataques cirúrgicos contra alvos ligados ao narcotráfico ou à defesa aérea venezuelana, como referiu, à Rádio Observador, o coronel José do Carmo. “O tipo de meios que estão ali concentrados não permite uma invasão terrestre. É pressão. Pressão para tirar Maduro do poder”. Como recorda o especialista, a CIA já terá autorização para ações de subversão no país, procurando fortalecer a oposição interna e enfraquecer as estruturas leais ao regime.

Venezuela. “Objetivo é fazer pressão militar sobre o regime”

Daqui para a frente, não se sabe ao certo que se pode esperar. O cenário mais provável, segundo Bruno Cardoso Reis, não é o de invasão terrestre, mas o de operações militares limitadas combinadas com pressão diplomática e clandestina. José do Carmo partilha a mesma opinião, afirmando que “a ideia é que alguma oposição interna se faça forte, com as costas quentes. Não há força suficiente para uma invasão”.

No terreno, de acordo com o New York Times há três possibilidades. A primeira é a escalada militar, com ataques aéreos contra instalações militares, algumas das quais envolvidas no tráfico de droga. O objetivo é colapsar o apoio militar ao regime de Maduro, que, neste cenário, poderia procurar fugir da Venezuela ou então sair de Caracas, o que tornaria mais fácil a sua captura.

Depois, há o envio tropas de operações especiais norte-americanas para tentar capturar (ou eventualmente matar) o Presidente venezuelano. Existe ainda a possibilidade do envio de brigadas antiterrorismo para a Venezuela, com a finalidade de controlar algumas bases militares, petrolíferas e infraestruturas vitais. Esta opção é mais arriscada para as tropas norte-americanas no terreno.

De ataques contra alvos militares à invasão com brigadas antiterroristas. Casa Branca desenha planos para o futuro de Maduro

Em última instância, a decisão caberá ao Presidente norte-americano, Donald Trump. O Chefe de Estado quer evitar que as tropas norte-americanas corram riscos desnecessários, assim como deseja prevenir um falhanço para os Estados Unidos. Em paralelo, a presidência pretende não incomodar as vozes que defendem políticas não intervencionistas da sua base eleitoral. Mas este posicionamento está a ser questionado por Marco Rubio, juntamente com o conselheiro de Segurança Interna Stephen Miller, que estão a influenciar o Chefe de Estado a agir de forma mais agressiva e assertiva contra a Venezuela.

O Presidente norte-americano também está focado noutro assunto: nas reservas de petróleo que a Venezuela tem. Mas ainda não é claro o que aconteceria se Nicolás Maduro saísse do poder: se os Estados Unidos se apropriariam das mesmas, ou se as geririam em conjunto com o futuro líder venezuelano, que, em teoria, seria María Corina Machado.

Agora, após duas semanas de várias reuniões de alto nível, sabe-se apenas que Trump já terá sido informado das várias possibilidades operacionais, numa reunião de alto nível na quinta-feira na sala de situação da Casa Branca. O Presidente dos Estados Unidos já terá tomado uma decisão sobre as ações militares que pretende tomar em relação à Venezuela, mas nunca a tornou pública.

Trump analisou cenários militares para a Venezuela e já terá tomado decisão. Maduro volta a apelar à paz

Oleg Makarevich. Este coronel-general das Forças Armadas Russas estará a comandar a missão Equator Task Force (ETF) do Ministério da Defesa russo, composta por mais de 120 militares — espalhados por vários pontos do território venezuelano como Caracas, Maracaibo, La Guaira e na ilha de Aves —, que estão a monitorizar a situação no país da América do Sul.

O Presidente russo, Vladimir Putin, nunca escondeu a proximidade com o homólogo venezuelano. A Rússia tem sido uma parceira económica, diplomática e política do regime da Venezuela — e não deseja que Nicolás Maduro saia do poder. Por causa disso, terá enviado militares para estarem atentos à situação no terreno e tentar apoiar o chefe de Estado.

A informação de que Oleg Makarevich — que já tinha sido mobilizado para combates na Ucrânia — está na Venezuela foi avançada pelo chefe dos serviços de informação do Ministério da Defesa da Ucrânia, Kyrylo Budanov. Em declarações à imprensa ucraniana, o responsável militar informou que a Rússia está a treinar as forças venezuelanas em diversas áreas, incluindo infantaria, forças especiais, operações com drones e na partilha de informações secretas.

Segundo Kyrylo Budanov, a missão do ETF na Venezuela é de longa duração e não constitui uma resposta iminente à recente intensificação da presença militar norte-americana nas Caraíbas. “Isto é apenas um jogo. Eles ficarão nos bastidores e a Rússia tentará negociar com os EUA porque as suas unidades estão na Venezuela”, afirmou o líder das secretas militares.