Paulo Cunha / LUSA

António José Seguro e André Ventura
Candidato presidencial mostrou uma imagem que anunciava uma vitória esmagadora contra Seguro. Mas faltou esperar pelo fim.
André Ventura e António José Seguro inauguraram na semana passada a longa lista de 28 debates rumo às eleições presidenciais.
Seguro disse que Ventura deveria estar nas legislativas, não nas presidenciais: “Ainda há seis meses andou a pedir aos portugueses para votarem em si e neste momento borrifou-se para esses votos dos portugueses e está a candidatar-se a Presidente da República. Não acha que isso fere o contrato de confiança que os portugueses lhe deram quando votaram em si?”.
O presidente do Chega reagiu: “Eu vou-lhe dizer porque é que eu estou na eleição certa. Porque eu sou o Presidente que quer dar um murro na mesa, que quer impedir que a conversa de chacha continue a ser a conversa que leva as pessoas até à Presidência da República”.
Também se falou sobre pacto da saúde, Bangladesh e Paquistão, minorias ou até sobre a tese de doutoramento de André Ventura, publicada em 2013.
Na manhã seguinte ao debate, na terça-feira, André Ventura publicou esta imagem:
Aquilo que comentadores/jornalistas deviam aprender: que o povo português já não se deixa enganar nem manipular! pic.twitter.com/YEhrHY160u
— André Ventura (@AndreCVentura) November 18, 2025
Como se pode ler: “Aquilo que comentadores/jornalistas deviam aprender: que o povo português já não se deixa enganar nem manipular!”.
A base desta exclamação são as percentagens que surgem naquele gráfico do Jornal de Notícias: à pergunta “quem ganhou” o debate, André Ventura teria reunido a preferência de 83% dos votantes, contra apenas 17% de António José Seguro.
Como o próprio X denuncia, isto é “factualmente falso”. A imagem, ou foi manipulada, ou foi captada logo nos instantes iniciais do debate.
Porque, no fim do debate, os leitores do JN deram uma vitória (apertada) a Seguro: 51% – 49%.

“Como é que se pode permitir este tipo de exibição de uma mentira desta forma despudorada?”, perguntou Carlos Vaz Marques.
No mesmo programa da SIC Notícias, Ricardo Araújo Pereira respondeu que não fica surpreendido, após seis anos “deste tipo de fantochada, de aldrabice ostensiva”.
Mas o comentador avisa que há gente que acha que estas manobras são uma “admirável esperteza”. Porque alega sempre que “o que ele queria dizer era que…”.