O secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., salientou, durante uma entrevista publicada esta segunda-feira, que alertou o presidente norte-americano, Donald Trump, para que fosse cauteloso após informá-lo sobre uma pesquisa que encontrou uma possível ligação entre o uso de tylenol (paracetamol) por mulheres grávidas e o risco elevado de autismo.
Num artigo publicado pela revista The Atlantic, Kennedy Jr. revelou que, após ter falado com Trump, o presidente quis que a sua administração divulgasse de imediato um alerta nas redes sociais sobre o assunto.
“Não pode fazer isso. Há nuances nisto e não pode assustar as pessoas assim. Vai ter uma enorme resistência de empresas farmacêuticas”, disse o secretário da Saúde, recordando a sua conversa com Donald Trump.
De acordo com alguns relatos, o presidente norte-americano terá ignorado as preocupações de Kennedy e disse a uma pessoa do seu gabinete: “Não quero saber”.
Recorde-se que Donald Trump, Robert F. Kennedy Jr. e outros funcionários federais da área da Saúde informaram a população acerca das suas preocupações com o medicamento, que é utilizado para aliviar dores.
“Não tomem tylenol. Não tomem. Lutem com todas as vossas forças para não o tomarem”, referiu, na altura, Donald Trump.
“Não tomem”, apelou Trump na Casa Branca, numa comunicação apresentada como “um grande anúncio” sobre autismo, que tem estado a aumentar acentuadamente no país nos últimos anos. Especialistas dizem “discordar veementemente de qualquer sugestão contrária à ciência independente”.
Notícias ao Minuto com Lusa | 08:36 – 23/09/2025
Mas, de onde surgiu esta preocupação do secretário da Saúde? A atenção de Robert F. Kennedy Jr. virou-se para este medicamente depois de ter lido um estudo publicado por Andrea Baccarelli, da Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard, que reuniu pesquisas existentes sobre uma possível ligação entre o paracetamol – que é o principal ingrediente do Tylenol – e o aumento da taxa de autismo.
No entanto, saliente-se, este estudo não foi conclusivo para que se prove que haja qualquer ligação.
Robert F. Kennedy Jr. terá analisado cerca de 70 estudos diferentes sobre este assunto, tendo até consultado vários especialistas antes de informar Donald Trump.
Ligação entre paracetamol e autismo? Estudo contradiz afirmações de Trump
De recordar que, segundo um novo estudo publicado recentemente, no dia 10 de novembro, no British Medical Journal, não existe ligação entre a toma de paracetamol na gravidez e casos de autismo. A nova investigação contradiz as afirmações de Donald Trump no passado mês de setembro.
As afirmações do presidente norte-americano aceleraram as conclusões deste estudo que revelou não existir qualquer tipo de ligação. O novo estudo analisou dados de outras investigações e concluiu que a ligação era baixa ou praticamente inexistente.
“As mulheres devem saber que as evidências existentes não comprovam uma ligação entre o paracetamol, autismo e a perturbação de hiperatividade e défice de atenção [PHDA]. Se mulheres grávidas precisarem de tomar paracetamol para febre ou dor, recomendamos que o façam, principalmente porque a febre alta na gravidez pode ser perigosa para o feto”, revela a obstetra Shakila Thangaratinam, uma das autoras do estudo.
Um estudo recente publicado no British Medical Journal contradiz as afirmações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o uso de paracetamol durante a gravidez aumenta o risco de autismo na criança.
Adriano Guerreiro | 08:46 – 10/11/2025
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