Israel matou este domingo o principal responsável militar do Hezbollah num ataque aéreo em Haret Hreik, nos arredores de Beirute, anunciou o exército israelita, apesar do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos há um ano, escreve a Reuters.

O alvo do ataque foi Ali Tabtabai, chefe do Estado-Maior interino do grupo apoiado pelo Irão, considerado por Washington uma figura central do Hezbollah. Ainda não houve confirmação da sua morte por parte do grupo armado xiita, mas Mahmoud Qmati, dirigente da organização, confirmou que um membro importante foi atingido.

Falando junto aos destroços do edifício atingido, Qmati disse que o ataque israelita ultrapassou uma “linha vermelha” e adiantou que a liderança do Hezbollah decidirá sobre a eventual resposta.

O Ministério da Saúde do Líbano relatou cinco mortos e 28 feridos. O ataque atingiu um prédio de vários andares, lançando destroços sobre carros e obrigando moradores a abandonar temporariamente os apartamentos.

Tabtabai já tinha sido alvo de sanções norte-americanas em 2016 e tinha a cabeça a prémio, com uma recompensa de 5 milhões de dólares por informações sobre ele. O exército israelita afirmou que o líder “comandava a maior parte das unidades do Hezbollah e trabalhava para restaurá-las para a prontidão para a guerra com Israel”.

O ataque ocorre uma semana antes da chegada do Papa Leão XIV ao Líbano, numa visita que muitos libaneses esperam que sinalize uma aproximação à estabilidade, depois de anos de instabilidade e conflitos localizados.

O cessar-fogo de novembro de 2024 pretendia pôr fim a um ano de confrontos entre Israel e o Hezbollah, desencadeados após ataques do Hamas a Israel em outubro de 2023 e retaliações do Hezbollah. Apesar disso, Israel manteve ataques quase diários a posições do grupo no Líbano, visando depósitos de armas e combatentes, intensificando os bombardeamentos nas últimas semanas.

O governo israelita reafirmou a linha dura. “Não permitiremos que o Hezbollah recupere e reconstrua a sua força e ameace Israel a partir de qualquer ponto do Líbano”, disse a porta-voz Shosh Bedrosian, acrescentando que Israel toma decisões de forma independente, sem notificar os EUA antes das operações.

O Líbano acusa Israel de violar repetidamente o cessar-fogo, incluindo a ocupação de cinco postos no sul do país, enquanto Israel responsabiliza o Hezbollah por tentar reorganizar-se. O grupo libanês afirma cumprir o cessar-fogo e não disparar contra Israel desde a sua implementação.