A pesquisa entrevistou jovens e adolescentes entre os 11 e os 17 anos, assim como os seus pais, sobre a forma como visualizam o mercado de trabalho em 2040, altura em que a Geração Alpha representará a maioria da força laboral. Quase nove em cada dez (86%) acreditam que as suas vidas profissionais serão totalmente diferentes das dos pais, com dinâmicas de escritório muito distintas das atuais.

Fim das deslocações diárias

Uma das principais mudanças apontadas é o desaparecimento das longas viagens entre casa e trabalho. Menos de um terço dos jovens (29%) espera gastar mais de 30 minutos em deslocações diárias, contrastando com a realidade da grande parte dos trabalhadores atuais.

Três em cada quatro (75%) consideram que reduzir o tempo perdido em deslocações será uma prioridade, permitindo-lhes mais tempo para a vida pessoal e familiar.

“A próxima geração de trabalhadores deixou clara a sua posição: a flexibilidade sobre onde e como se trabalha deixou de ser uma opção – é uma necessidade. Esta geração cresceu a ver os pais perderem tempo e dinheiro em longas deslocações, algo que a tecnologia já permite evitar”, sublinha Mark Dixon, fundador e CEO da IWG.

Robôs e IA como parte do dia a dia

A tecnologia terá um papel central no futuro do trabalho. Segundo o estudo, 88% da Geração Alpha espera trabalhar regularmente com assistentes inteligentes e robôs, uma tendência em crescimento no contexto nacional, onde se estima existirem já cerca de 6.500 robôs nas empresas, de acordo com o estudo do Banco de Portugal, “Robôs nas empresas portuguesas”, realizado em abril de 2024.

Entre as principais inovações que estes jovens acreditam que farão parte do dia a dia profissional do futuro estão os óculos de realidade virtual para reuniões tridimensionais (38%), zonas de jogos (38%), cabines de descanso (31%), controlo personalizado de temperatura e iluminação (28%) e salas de reuniões com realidade aumentada (25%).

Num dos dados mais surpreendentes, um terço dos inquiridos (32%) acredita que o email vai deixar de existir, sendo substituído por novas plataformas e tecnologias que tornem a comunicação mais eficiente.

“A tecnologia sempre moldou o mundo do trabalho e continuará a fazê-lo. Há 30 anos, o email revolucionou como trabalhamos. Hoje, a inteligência artificial e a robótica estão a ter um impacto igualmente transformador, definindo o modo como a Geração Alpha vai trabalhar no futuro”, reforça Mark Dixon.

O trabalho híbrido como nova realidade

A investigação da IWG indica ainda que o trabalho híbrido será o modelo dominante até 2040. 81% dos jovens acreditam que a flexibilidade será a norma, com liberdade para escolher onde e como trabalham. Apenas 17% esperam trabalhar sempre num escritório principal, prevendo-se que a maioria divida o tempo entre casa, espaços de trabalho locais e sedes centrais, para aumentar a eficiência e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Entre os principais benefícios do regime híbrido para a Gen Alpha estão a minimização de stress com as deslocações (51%), mais tempo com família e amigos (50%), maior saúde e bem-estar (43%) e maior produtividade (30%). Esta flexibilidade poderá ser tão eficaz que um terço (33%) acredita que a semana de quatro dias será o modelo padrão no futuro.

Esta visão sobre a flexibilidade laboral regista também uma tendência crescente em Portugal. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 1,1 milhões de trabalhadores exerceram funções remotamente no segundo semestre de 2024, o que representa 21,5% da população empregada. Destes, 37,9% atuam no modelo híbrido.