Um ano depois, era tempo de fazer contas à vida. Desde aquele empate com o Ipswich na estreia na Premier League em que um golo de Marcus Rashford logo a abrir não teve continuidade na estreia do 3x4x3, Ruben Amorim viveu um pouco de tudo no Manchester United com mais baixos do que altos. Somou mais derrotas do que estava à espera, diminuiu as expetativas dos adeptos perante a atual realidade de um grande que o era sobretudo no currículo, multiplicou conversas a propósito das ideias táticas para a equipa, dividiu analistas a propósito da dispensa de antigos meninos queridos em Old Trafford. Ao todo foram 54 encontros oficiais com 22 vitórias, 21 derrotas e 11 empates, entre 107 golos marcados e 102 sofridos. Se alguns consideravam que o técnico português não ia resistir à falta de resultados, a realidade foi mostrando outro filme e essa data simbólica poderia ser assinalada com algo que há muito não se via: os red devils em posição de Champions.
“A primeira impressão foi que o ambiente era diferente na Premier e estava entusiasmado com isso. Percebi imediatamente que teríamos dificuldades em algumas coisas mas tinha a sensação de que sim, era a melhor liga e o melhor clube do mundo. Ao mesmo tempo, que era um grande desafio e exigiria muito trabalho. Agora estamos a mostrar melhoria, mas o importante é que, independentemente do que fizemos nos jogos recentes, não podemos esquecer que começámos nesse ponto e sofremos muito no ano passado. Temos de levar isso em consideração, temos de jogar cada jogo como se fosse o último ou o primeiro. O que quero ver agora é uma equipa com mais controlo e maior domínio, a jogar melhor futebol e, mais importante, a ser mais competitiva em todos os aspetos. Classificação? Não importa, é tudo tão equilibrado que se torna quase irrelevante”, comentara Ruben Amorim na última semana, marcada pela paragem para jogos das seleções.
Não gosto de dizer que a tempestade já passou. O meu trabalho, especialmente no nosso clube, é ter sempre essa sensação. Isso transmite-me um sentido de urgência em todos os treinos e, na Premier, tudo pode mudar rapidamente porque todas as equipas podem vencer qualquer jogo.”
Também Jason Wilcox, diretor do futebol do Manchester United, “carimbava” esses sinais de retoma nos últimos encontros, apontando um detalhe que fazia toda a diferença. “Quando olho para o nosso parque de estacionamento e vejo que, com a hora de chegada marcada para as 9h45, os rapazes chegam às 8h30, 8h45, a preparar-se para o treino… É um bom sinal. O ambiente no relvado não mudou muito, nem a intensidade ou o ruído, quer se ganhe ou se perca. Claro que, quando se perde um jogo, há desilusão e frustração, mas assim que entram no campo de treinos, sente-se o caráter e o espírito de equipa, a energia a crescer. Só temos de continuar assim”, apontou no podcast Inside Carrington. “Temos de contratar jogadores que tragam algo diferente ao balneário. O mais importante é que, sempre que trazemos alguém, essa pessoa tem de querer evoluir, ser jogador de equipa e saber o que significa fazer parte de um coletivo de sucesso”, acrescentou.
One year ago today, Ruben Amorim took charge of his first @ManUtd match ???? pic.twitter.com/UeB6xpywop
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Era nesse contexto que chegava a receção ao Everton após uma sequência de cinco jogos sem derrotas apesar dos dois últimos empates a dois com Nottingham Forest e Tottenham – com esse dado negativo das vantagens que foram desperdiçadas, com esse dado positivo da capacidade para reagir à reviravolta e ir ainda resgatar um ponto. Agora com um problema extra: Benjamin Sesko, principal referência ofensiva da equipa nos últimos encontros, estava de fora por uma lesão no joelho que pode demorar a ser totalmente debelada.
Ruben Amorim’s Premier League record with Manchester United: ????????
• 34 games
• 9 wins
• 18 losses
• 7 draws pic.twitter.com/ZztenIwSWN— The Touchline | ???? (@TouchlineX) November 24, 2025
“Jogar sem referência na frente? Fizemos isso com o Liverpool, não foi com o Bryan [Mbeumo] mas com o [Matheus] Cunha. É uma opção que temos. Acho que não só na liga inglesa, mas mesmo na portuguesa e em todas as ligas, há uma grande variação na forma como se constrói. Nós já não controlamos bem… Podemos dizer que é um 4x4x2 mas passados cinco minutos é um 4x3x3, um 3x4x3… Portanto, estou disposto a tudo, ao contrário do que muita gente pensa que sou muito fixado numa coisa… Simplesmente começo numa base mas é óbvio que poderemos isso usar no futuro e já pensámos nisso do Bryan porque é muito forte nas transições… Acho que não é a melhor posição para ele porque gosta de estar escondido, não gosta que eles o estejam a ver. Consegue ser mais perigoso num dos lados, seja no lado direito seja no lado esquerdo, do que como um avançado. Mas é uma opção e poderei usar isso no futuro como usei várias vezes no Sporting”, tinha destacado Ruben Amorim na nova rubrica “Pergunta Fora de Jogo” da DAZN.
As ideias táticas do Mister Ruben Amorim ????#DAZNPremier pic.twitter.com/WUjplcw9Hg
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De uma forma ou de outra, a expetativa existente passava pela possibilidade de ver novamente o Manchester United em lugares de acesso à Liga dos Campeões, a dois pontos do Chelsea e a um do rival City. Ao invés, e apesar da superioridade num lance insólito em que Idrissa Gueye foi expulso por agredir um companheiro de equipa, foi o Everton que levou a melhor, com David Moyes a deixar um novo statement a todos os adeptos dos red devils de que foi mais vítima do que culpado para não vingar como treinador em 2013/14. Já em relação a Ruben Amorim, se o primeiro ano foi longo e complicado, os próximos não serão menos difíceis…
Gana Gueye perdeu a cabeça ???? #DAZNPremier pic.twitter.com/fpeYTLAzVz
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Man Utd’s longest unbeaten run under Ruben Amorim comes to an end at the hands of Everton ???? pic.twitter.com/IP00PT8Vqe
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Com Matheus Cunha também de fora, Amorim fez apenas duas mexidas em relação ao último onze que jogou em Londres com o Tottenham com as saídas de Sesko e Maguire para as entradas de Zirkzee e Leno Yoro. No entanto, e muito antes de se perceber o impacto que essas alterações podiam ter, era David Moyes que estava perante dilemas inesperados no regresso a Old Trafford depois de ser a primeira aposta do United para a era pós-Alex Ferguson: Coleman, lateral direito e capitão, saiu lesionado com apenas dez minutos direto para o balneário, dando lugar a Jake O’Brien; pouco depois, na sequência de um desentendimento da organização defensiva dos visitantes que permitiu um remate com perigo de Bruno Fernandes ao lado, Idrissa Gueye “pegou-se” com o companheiro Michael Keane, agrediu o central e foi expulso com vermelho direto (13′). Com menos de um quarto de hora de jogo, o Everton jogava com dez mas nem por isso deixou de ser perigoso e de aproveitar o que criava, chegando à vantagem num grande remate de Dewsbury-Hall (29′).
Gana Gueye expulso porque bateu no próprio colega ???????????? Este balneário no fim do jogo…#DAZNPremier pic.twitter.com/Rx3nJBt320
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Tiraço de Dewsbury-Hall ????
???????????????????????????? @premierleague | @ManUtd 0 x 1 @Everton
Nesta DAZN Black Friday, temos grandes jogos ????????????́???????????? para veres. Sabe mais em ???? https://t.co/APTKI0EKmb#DAZNPremier pic.twitter.com/OINFLslPpL
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A jogar com mais um, o Manchester United tinha outro problema. Em desvantagem, o Manchester United foi à procura de novas soluções. Se com meia hora de jogo não houve sinal de perigo junto da área dos toffees, a partir desse momento apareceu a versão ofensiva dos red devils: Diallo teve um remate forte na área para uma defesa para a frente de Jordan Pickford (31′), Dorgu falhou ao segundo poste após cruzamento da direita quando estava em condições para desviar para o empate (33′), Diallo voltou a ter uma tentativa fraca na área ao lado (41′) e Bruno Fernandes teve o remate com mais perigo da primeira parte além do golo de Dewsbury-Hall para a melhor intervenção de Pickford ao longo do encontro (45′). O 1-0 mantinha-se ao intervalo.
Mason Mount entrou ao intervalo para o lugar de Mazraoui, com Diallo a passar de novo para a ala direita e o inglês a ficar no apoio a Zirkzee com Mbeumo, mas nem por isso o United melhorou. Aliás, não melhorou o United e muito menos melhorou o jogo, com o Everton a baixar linhas mas sem capacidade para arriscar as saídas em transição que fizera na primeira metade e os visitados a subirem linhas mas sem os espaços que permitissem criar desequilíbrios. Diogo Dalot e Mainoo ainda foram lançados mas foi preciso esperar até aos 70′ para haver uma oportunidade clara, com Mount a cruzar atrasado para Bruno Fernandes e o português a desviar por cima. Também Zirkzee teve um cabeceamento com selo de golo depois de um cruzamento de Luke Shaw mas Pickford conseguiu outra intervenção monstruosa a manter a vantagem mínima (79′). De Ligt ainda teve um remate fraco enquadrado nos descontos mas o resultava estava mesmo feito…
QUE JOGO ????????????
Everton com menos um desde os 13′, vence em Old Trafford ????????#DAZNPremier #DAZNBlackFriday pic.twitter.com/sPl8uE1vnq
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DUMB & DUMBER EM OLD TRAFFORD ????
◉ DUMB : O United parecia ter ganho a sorte grande aos 13 minutos, quando Idrissa Gueye viu vermelho directo por agredir um companheiro mas…
◉ DUMBER! : o United actual é cheio de surpresas e não só permitiu um golo aos 29m como não… pic.twitter.com/00ZasGMRoQ
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