
A Microsoft encontra-se numa encruzilhada delicada entre a inovação da Inteligência Artificial e a estabilidade do seu sistema operativo, uma tensão que atingiu o ponto de ebulição nas redes sociais esta semana. Pavan Davuluri, o chefe da divisão Windows e Dispositivos, viu-se obrigado a responder a uma vaga intensa de críticas após ter partilhado a visão da empresa para um futuro onde o Windows evolui para um “sistema operativo agêntico” (agentic OS).
A reação da comunidade foi imediata e feroz, forçando o executivo a reconhecer que a gigante tecnológica precisa de encontrar um melhor equilíbrio entre as novas funcionalidades de IA e a fiabilidade que os utilizadores exigem no dia a dia.
A visão do “SO Agente” versus a realidade dos bugs
A controvérsia começou quando Davuluri utilizou a rede social X (antigo Twitter) para promover a próxima fase da evolução do Windows. O conceito de “SO agêntico” descreve um sistema profundamente integrado com Inteligência Artificial, capaz de realizar tarefas de forma autónoma, como gerir ficheiros, enviar emails e executar operações em segundo plano, tudo visível na barra de tarefas.
No entanto, para muitos utilizadores, esta visão soou menos como um avanço e mais como uma intrusão, ou pior, uma distração dos problemas fundamentais que o Windows 11 ainda enfrenta. As críticas acumularam-se rapidamente, com os utilizadores a expressarem frustração sobre a estabilidade do sistema, o desempenho inconsistente e a sensação de que a Microsoft está a retirar o controlo das mãos do utilizador em favor da dependência da nuvem e da automação.
O volume de feedback negativo foi de tal ordem que Davuluri se viu forçado a desativar as respostas à sua publicação original, um movimento raro para um executivo de topo que sinalizou a gravidade do descontentamento da comunidade.
“Nós ouvimos o feedback”: o compromisso com a fiabilidade
Em resposta à tempestade de críticas, conforme reportado pela FirstPost, Pavan Davuluri quebrou o silêncio para assegurar aos utilizadores que a empresa não está alheia às suas preocupações. Respondendo diretamente a um utilizador, o executivo assumiu a responsabilidade e reiterou o compromisso da equipa em equilibrar a inovação com a funcionalidade nuclear do sistema.
Davuluri reconheceu especificamente as queixas sobre a usabilidade diária, a inconsistência nos diálogos do sistema e a experiência para programadores, garantindo que a equipa está a trabalhar ativamente para melhorar estas áreas críticas.
“A equipa (e eu) recebemos imenso feedback. Nós equilibramos o que vemos nos nossos sistemas de feedback de produto com o que ouvimos diretamente. Nem sempre coincidem, mas ambos são importantes. Li os comentários e vejo o foco em coisas como fiabilidade, desempenho, facilidade de uso e mais”, escreveu Davuluri.
Este episódio sublinha o desafio que a Microsoft enfrenta: enquanto tenta liderar a corrida da IA com ferramentas como o Copilot e agentes autónomos, não pode negligenciar a base da experiência do utilizador — um sistema operativo rápido, estável e que obedeça ao utilizador, em vez de tentar adivinhar as suas intenções.