Depois de vários adiamentos, o consórcio formado por Carlos Tavares, Paulo Pereira, Tiago Raiano e Nuno Pereira formalizou esta segunda-feira a sua candidatura à compra da Azores Airlines, ex-SATA Internacional.
Em comunicado enviado às redacções, é referido que, a partir de agora, “os quatro empresários passam a ser representados por uma estrutura única, designada Atlantic Connect Group”, que reúne a Newtour e a MS Aviatione e que permite assegurar “a coerência e a clareza da proposta, assegurando uma comunicação a uma só voz com todos os interlocutores, começando pelos colaboradores da empresa”.
O projecto inicial incluía apenas Tiago Raiano e Nuno Pereira, a que se juntaram depois Carlos Tavares, ex-presidente executivo do fabricante automóvel Stellantis e Paulo Pereira. O consórcio não revelou qual a percentagem detida por cada um.
No comunicado, é recordado que a formalização de uma proposta para o controle da companhia aérea surge “na sequência dos acordos alcançados com os representantes dos pilotos e do pessoal de cabine”, o que permitirá alguns ajustamentos face ao cenário actual.
“A proposta submetida considera a actual situação financeira da empresa e incorpora a visão estratégica dos empresários, orientada para a sustentabilidade da companhia e para a consolidação da sua operação, enquanto activo estratégico para Portugal e para a Região Autónoma dos Açores”, afirma o consórcio no comunicado. Cabe agora ao júri, liderado por Augusto Mateus, analisar a proposta da Atlantic Connect.
Do lado dos tripulantes de cabine, reunidos no Sindicato Nacional do Pessoa de Voo da Aviação Civil, estes sublinharam que não tinham passado “um cheque em branco ao consórcio”, tendo apontado para “a falta de confiança” na actual gestão da SATA, assinalando “sucessivos erros de gestão, comunicação e decisão”, sem “garantias para o futuro da empresa”.
Já os pilotos, por via do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), após a aprovação do acordo com o consórcio, afirmaram que “o entendimento alcançado assegura a protecção integral dos postos de trabalho e a intangibilidade da remuneração base e dos per diems dos pilotos”. Além disso, ficou previsto ainda “medidas de perfil estritamente temporário, com prazos definidos, metas objectivas e mecanismos de monitorização conjunta e auditoria sob tutela do SPAC, garantindo transparência e controlo em todas as fases da execução”.
A Azores Airlines teve 336 milhões de euros de receitas em 2024, mais 50,2 milhões do que em 2023. No entanto, conforme foi destacado na apresentação das contas anuais, em Junho, “apesar do incremento de receitas, o ano passado foi marcado pelo crescimento dos custos, operacionais e não operacionais, tendo impactos directos no EBITDA (sigla em inglês para resultados operacionais antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e resultados líquidos”, a que se somaram “factores extraordinários”.
O EBITDA foi negativo em 691 mil euros e o resultado líquido foi de 71,2 milhões de euros negativos.