Como já tinha sido anunciado, a Qantas vai ter o voo mais longo sem escalas, uma viagem que ligará Londres a Sydney em 22 horas. Recentemente, a companhia aérea australiana mostrou, pela primeira vez, a aeronave que integra o Sunrise Project, iniciado em 2017 e que tem desde o início o intuito de ligar a Austrália à Europa e a Nova Iorque com voos directos
O avião A350-1000ULR (Ultra Long Range) está a ser produzido na fábrica da Airbus, em Toulouse, França. Poderá voar até 22 horas sem paragens, devido “a um depósito de combustível central traseiro adicional de 20 mil litros e a sistemas melhorados, além de cada elemento ser concebido para o conforto e bem-estar dos passageiros em operações de ultra-longa distância”, lê-se no comunicado da Qantas.
O voo directo reduzirá em quatro horas o tempo total da viagem, em comparação com os voos actuais que têm uma escala.
Como referido no comunicado já citado, “todos os principais componentes da estrutura da aeronave, incluindo as secções dianteira, central e traseira da fuselagem, já foram montados, juntamente com as asas, a secção da cauda e o trem de aterragem”. O próximo passo será receber os motores e instrumentos de teste de voo, “em preparação para um extenso programa de voos de teste, com início previsto para 2026”.
A aeronave da Qantas está a ser construída na fábrica da Airbus, em Toulouse
Herve Gousse – Master Films
“Dada a posição da Austrália no mundo, a Qantas tem uma longa história de superação de barreiras na aviação. O Sunrise Project não só vencerá a tirania da distância, como também mudará fundamentalmente a forma como os nossos clientes viajam pelo mundo”, afirma Vanessa Hudson, a CEO do Grupo Qantas.
O nome escolhido — Sunrise Project — faz referência aos voos de resistência Double Sunrise da companhia aérea durante a Segunda Guerra Mundial, que permaneciam no ar o tempo suficiente para testemunhar dois nasceres do sol.
O bem-estar dos passageiros
Voltando aos novos aviões, estes foram desenvolvidas de raiz em colaboração com especialistas em aviação, com o designer industrial australiano David Caon e uma equipa multidisciplinar de especialistas do Centro Charles Perkins da Universidade de Sydney. Esta última inclui cientistas do sono que trabalham para combater o jet lag através de um design de iluminação exclusivo e personalizado e de um serviço de refeições em horários específicos.
“Estes voos reduzirão a viagem até quatro horas e transformarão a experiência das pessoas em viagens de longa distância, através de um design baseado na ciência para minimizar o jet lag e maximizar o bem-estar”, confirma Vanessa Hudson.
As aeronaves terão 238 lugares, em vez dos habituais mais de 300 nos aviões A350-1000 de outras companhias áreas, de modo a que os passageiros tenham mais espaço. Incluem ainda uma Zona de Bem-Estar, localizada entre as cabines Premium Economy e Economy, com barras de apoio para fazer alongamentos, programas de exercício guiados no ecrã, um dispensador de água e uma variedade de bebidas e snacks.
A primeira das 12 novas aeronaves deverá ser entregue no final de 2026, com os primeiros voos comerciais a iniciarem-se no primeiro semestre de 2027. O objectivo é também, depois, inaugurar um voo entre Nova Iorque e Sydney.
A rota entre Londres e Sydney é de 15.700 km, ou seja, tem mais 300 km do que a mais longa na actualidade, que liga Nova Iorque a Singapura, da Singapore Airlines, que teve início em 2020. Neste ranking de voos mais longos sem escala, seguem-se as ligações Nova Iorque Newark-Singapura, da mesma companhia aérea, Doha-Auckland (Nova Zelândia), da Qatar Airways, Londres-Perth (Austrália), Dallas Forth Worth-Melbourne e Perth-Paris, os três a Qantas.