A troca de vocalistas no Angra sempre foi um acontecimento marcante na história do heavy metal brasileiro. Desde a era Andre Matos até a entrada de Edu Falaschi e, depois, Fabio Lione, cada mudança representou uma nova fase artística e emocional para a banda. Agora, com a saída do italiano após mais de uma década, o quinteto paulistano oficializou a chegada de um nome já conhecido e extremamente respeitado no cenário: Alírio Netto, catarinense de 48 anos, dono de uma carreira que transita com desenvoltura entre o metal, os musicais e a ópera. Para muitos fãs, trata-se da escolha mais natural e simbólica possível – um artista técnico, versátil e com histórico profundo dentro do chamado “angraverso”. A informação foi confirmada pela Billboard.
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Foto: Tiago Kiss
De acordo com o site oficial do cantor, Alírio acumula mais de 20 anos de trajetória e uma discografia extensa, marcada por passagens por bandas como Khallice, Lince e Age of Artemis – esta última o levou inclusive ao palco do Rock in Rio. No entanto, foi com o Queen Extravaganza, tributo oficial criado por Brian May e Roger Taylor, que o vocalista expandiu sua projeção internacional, passando por EUA, Canadá, Europa e América do Sul. O projeto o colocou diante de plateias gigantes e o consolidou como um dos intérpretes mais técnicos e carismáticos do showbiz nacional, equilibrando potência e teatralidade de forma rara. O convite para o posto partiu dos próprios integrantes do Queen, reconhecimento que poucos artistas brasileiros podem ostentar.
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Alírio Netto e sua grande carreira
A versatilidade de Alírio também se manifesta no universo dos musicais. Ele interpretou Galileo em We Will Rock You, protagonizou Jesus Cristo Superstar tanto no México (no papel de Jesus) quanto no Brasil (como Judas) e recebeu do Estadão o prêmio de Melhor Ator de Musicais de 2014. Paralelamente, ele mergulhou no repertório lírico ao participar de montagens de ópera como Don Giovanni e La Bohème. Seu talento o levou ainda ao cinema e à dublagem: ele emprestou a voz ao personagem Lefou no live-action de A Bela e a Fera, da Disney. Em 2018, lançou o documentário e DVD The Journey So Far, que reúne músicas autorais, depoimentos e participações de nomes como Angra, Edu Falaschi e Adriano Daga.
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Sua ligação com o metal brasileiro ganhou um novo capítulo em 2019, quando assumiu os vocais do Shaman em uma turnê feita em homenagem a Andre Matos. A estreia em São Paulo teve casa lotada e forte impacto emocional entre os fãs. O grupo apresentou “Brand New Me”, o primeiro single da nova fase, e iniciou os trabalhos de um álbum produzido por Sascha Paeth. A recepção positiva reforçou a capacidade de Alírio de honrar legados importantes sem abrir mão de sua personalidade artística – ponto crucial para quem agora assume um dos microfones mais simbólicos do metal nacional.
No momento, Alírio também assinou contrato com a gravadora europeia Frontiers e prepara um novo disco com participações relevantes, entre elas a de Arnel Pineda (Journey). A movimentação internacional evidencia que sua entrada no Angra não representa um freio em sua carreira solo, mas sim a ampliação de um caminho que ele já vinha construindo com força. Sua experiência em turnês globais, sua técnica vocal híbrida (do canto lírico aos agudos do power metal) e sua presença de palco o colocam como um dos artistas mais completos da sua geração.
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A estreia oficial de Alírio no Angra acontecerá no Bangers Open Air 2026, em São Paulo, onde a banda será headliner – feito raro para um grupo brasileiro em um festival de metal com atrações do mundo inteiro. O evento também promoverá o aguardado Angra Reunion, que reunirá Edu Falaschi, Kiko Loureiro e Aquiles Priester para celebrar a fase Rebirth, enquanto Alírio dará nova vida ao repertório eternizado por Andre Matos. A apresentação envolverá todas as eras do Angra, unindo a formação atual (Rafael Bittencourt, Marcelo Barbosa, Felipe Andreoli e Bruno Valverde) às formações históricas.
A despedida de Fabio Lione, por sua vez, será igualmente marcante. O italiano entrou na banda em 2013 e gravou álbuns fundamentais como Secret Garden, Omni e Cycles of Pain, além de registros ao vivo como Angels Cry: 20th Anniversary Tour e Acoustic – Live at Ópera de Arame. Seu período no grupo consolidou uma das fases mais estáveis e internacionais da carreira do Angra. O Bangers Open Air será a oportunidade perfeita para que fãs e banda celebrem sua passagem – e, ao mesmo tempo, deem boas-vindas ao próximo capítulo.
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