Em apenas uma semana, o Google reuniu sinais suficientes para balançar o eixo da corrida da inteligência artificial. Entre um novo modelo de IA elogiado por especialistas, sua aproximação ao seleto clube das empresas de US$ 4 trilhões e a possibilidade de fornecer chips para a Meta, a empresa parece mais forte do que nunca. O cenário levanta uma pergunta inevitável: estaria o Google se preparando para ultrapassar OpenAI e Nvidia ao mesmo tempo?

O impacto estratégico do Gemini 3

O anúncio do Gemini 3, acompanhado de melhorias no gerador de imagens Nano Banana Pro, foi recebido como o maior salto recente da empresa em IA. Segundo Wei-Lin Chiang, cofundador da LMArena, o lançamento representa “mais do que uma reorganização no ranking” — é uma mudança estrutural no setor.

Executivos como Marc Benioff (Salesforce) afirmaram publicamente que o modelo supera o ChatGPT “por larga margem”, reforçando a percepção de que o Google recuperou terreno após anos sendo visto como lento ou reativo.

Apesar disso, a OpenAI ainda lidera a associação popular entre IA e chatbots, mas enfrenta pressão crescente. De acordo com o New York Times, Nick Turley, chefe do ChatGPT, reconheceu internamente que o momento configura “a maior pressão competitiva da história da empresa”.

Chips, nuvem e a batalha pela infraestrutura

A corrida da IA não se vence apenas com modelos poderosos — é preciso ter hardware para treiná-los. Nesse front, a Nvidia lidera com folga graças aos GPUs que se tornaram padrão da indústria. Mas o Google está ganhando tração graças aos seus chips especializados, os TPUs (Tensor Processing Units).

Esses chips:

  • são ASICs, projetados especificamente para cargas de trabalho de IA;
  • oferecem maior eficiência em tarefas específicas do que GPUs genéricos;
  • já equipam os próprios data centers do Google;
  • estão sendo alugados para empresas como Anthropic, que os usa junto com GPUs Nvidia e chips Trainium da Amazon.

Agora, uma possível parceria bilionária com a Meta, segundo The Information, pode mudar o jogo. A gigante de Mark Zuckerberg poderia:

  • adotar chips do Google em seus data centers a partir de 2027;
  • começar a alugá-los pela Google Cloud já no próximo ano.

Se confirmada, essa movimentação colocaria o Google em posição mais favorável contra o domínio absoluto da Nvidia.

O peso financeiro e estratégico da Alphabet

A Alphabet está prestes a se juntar ao grupo das poucas empresas que ultrapassaram US$ 4 trilhões em valor de mercado. Esse momento não apenas simboliza estabilidade econômica: representa poder para investir agressivamente em pesquisa, chips, data centers, modelos de IA e, sobretudo, escalabilidade — algo crucial quando a competição envolve gigantes com bolsos igualmente profundos.

Esse músculo financeiro dá ao Google capacidade de competir em duas frentes ao mesmo tempo:

  • modelos de IA (contra OpenAI);
  • hardware para IA (contra Nvidia).

Nenhuma outra empresa de tecnologia, exceto talvez a própria Microsoft, possui essa combinação de alcance e infraestrutura.

Google pode liderar a corrida da IA?

A resposta, por enquanto, é complexa — e muda rapidamente.

Pontos a favor do Google:

  • domínio de infraestrutura global de nuvem;
  • chips proprietários cada vez mais competitivos;
  • modelo de IA elogiado por especialistas;
  • potenciais alianças gigantes como Meta e Anthropic;
  • experiência e histórico de pesquisa de alto nível.

Desafios que ainda enfrenta:

  • OpenAI segue líder na mente dos consumidores;
  • Nvidia controla o ecossistema de GPUs;
  • a empresa precisa provar, em escala real, que os TPUs podem competir com o hardware dominante.

Mas o consenso entre analistas é claro: pela primeira vez em anos, o Google não está mais correndo atrás — está correndo lado a lado.

E pode, em breve, ultrapassar.