O debate entre André Ventura e Marques Mendes termina com o líder do Chega a pressionar o adversário, apresentando-o como “o candidato das elites que nos andam a destruir”.
Aproveitando ter a última palavra, Ventura acusa Mendes de, enquanto comentador da SIC, ter sido “o homem que dizia que estava tudo bem no Banco Espírito Santo”, dizendo que o mesmo pode ser atestado por quem foi lesado pelo colapso dessa instituição bancária.
Apesar de a moderadora Clara de Sousa insistir que se esgotara o tempo disponível para o debate, Mendes disse que se limitou a referir informação do Banco de Portugal, mas o efeito pretendido pelo autoproclamado “candidato das pessoas” fora atingido, sendo patente a satisfação de Ventura com a “agitação” do adversário.
Também a menção de Marques Mendes ao caso do ex-deputado do Chega Miguel Arruda, afastado do grupo parlamentar ao ser constituído arguido por furto de malas de viagem em aeroportos, levara Ventura a dizer que foi rápido a “afastar as pessoas que tinham de ser afastadas”, enquanto o adversário mantém entre os apoiantes o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, investigado por suspeitas de corrupção.
Marques Mendes recordou que, enquanto presidente do PSD, vetou a recandidatura de presidentes de câmaras municipais envolvidos em investigações de corrupção, “a bem da ética” – sem mencionar o caso mais emblemático de Isaltino Morais, que é um dos principais apoiantes de Gouveia e Melo -, fazendo notar que isso lhe criou problemas no prório partido, apesar de “felizmente sempre poucos os que não o apoiam”.
Tal referência foi aproveitada por André Ventura para questionar Mendes sobre a ausência de sinais de apoio à sua candidatura por parte do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. “Se Passos Coelho tivesse de escolher, escolhia-me a mim, com toda a probabilidade, porque sabe que não é independente”.
Ventura disse ainda que Mendes é “uma marioneta do Governo”, apontando-lhe dualidade de critérios no que toca a responsabilidades nos incêndios florestais de António Costa e Luís Montenegro. “O que acontece é que, como Luís Montenegro é amigo de Marques Mendes, isso já não lhe inteerssa tanto”, disse, mencionando um “compromisso” em que o adversário se mantinha-se na SIC, a fazer comentários, e era o candidato presidencial enquanto apoiava o primeiro-ministro.
Antes disso, Mendes defendera a sua independência, patente na defesa junto do “amigo” Marcelo Rebelo de Sousa da recondução da procuradora-geral da República Joana Marques Vidal, que “teve uma coragem impressionante no combate à corrupção”.
“O senhor não quer combater a corrupção mais do que eu. Quero intensificar o combate à corrupção com coisas palpáveis”, disse Mendes, equiparando a “cassete habitual” do líder do Chega à antiga “cassete do PCP”. E reiterou que, perante a “técnica de ataques pessoais, para disfarçar a ausência de propostas e de soluções”, não perderia a compostura.