O Parlamento assinalou esta terça-feira o cinquentenário do 25 de Novembro numa sessão solene idêntica à dos 50 anos do 25 de Abril. Uma das diferenças é que no hemiciclo, em vez de cravos vermelhos, havia rosas brancas. Apesar disso, vários deputados levaram cravos, como foi o caso de Porfírio Silva ou Miguel Costa Matos, do PS, de Isabel Mendes Lopes, do Livre, e de Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.

André Ventura gerou polémica ao retirar os cravos vermelhos que os deputados Inês Sousa Real, Mariana Mortágua e Jorge Pinto colocaram no púlpito durante as suas intervenções. O líder do Chega justificou a ação, dizendo que o dia é de “rosas brancas”. O incidente levou à saída de vários deputados do PS do hemiciclo em protesto. Ventura criticou a esquerda, acusando-a de não conviver bem com a democracia, e propôs mudar nomes de ruas que homenageiam figuras de esquerda, como Otelo Saraiva de Carvalho e Álvaro Cunhal.

A sessão solene do Parlamento ficou marcada por discursos divergentes quanto ao significado histórico da data. Enquanto deputados do PSD e CDS salientaram a importância do 25 de Novembro na estabilização do regime democrático, membros de partidos à esquerda, como o BE e o Livre, enfatizaram o 25 de Abril como a verdadeira data fundadora da liberdade, criticando qualquer tentativa de reescrever a história.

Marcelo Rebelo de Sousa fechou a sessão e falou da “importância da temperança — equilíbrio, sensatez, moderação e unidade no essencial — como virtude nacional”, que unia os portugueses pelo “melhor” que tinham. Esta qualidade terá sido “mais evidente” no 25 de Novembro, defendeu. “Entre o risco da violência e a temperança, venceu a temperança. Depois se discutiu quem ganhou mais ou perdeu menos. A pátria ganhou certamente. Não houve regresso ao passado antes de 1974”, sublinhou.

O Presidente da República disse, ainda, que repete muito aos soldados e diplomatas portugueses: “Enquanto mantivermos a convicção de que a pátria é eterna, unidos no essencial e com temperança, seremos eternos“.