Duduzile Zuma-Sambudla, filha do ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma, está a ser acusada pela meia-irmã, Nkosazana Zuma-Mncube, de ter enganado vários homens sul-africanos para a combater pela Rússia na Ucrânia, alegando que iam apenas receber treino. Duduzile nega tudo e diz ter sido burlada por um outro recrutador.

Zuma-Mncube, num comunicado citado pela imprensa sul-africana, acusa a meia-irmã e duas outras pessoas de atraírem “os homens para a Rússia sob falsos pretextos” e entregarem-nos “a um grupo mercenário russo sem o seu conhecimento ou consentimento”. “Entre estes 17 homens, que estão a pedir assistência ao governo sul-africano, estão oito familiares meus“, acrescentou aquela é a primogénita de Zuma.

Duduzile Zuma-Sambudla é deputada na Assembleia Nacional sul-africana, eleita pelo partido do seu pai, o uMkhonto weSizwe, uma cisão do Congresso Nacional Africano que governa o país desde o fim do apartheid. O caso está agora a ser investigado pela polícia sul-africana, confirmou a televisão DW.

No início deste mês, o gabinete do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, confirmou que tinha recebido “pedidos de socorro para regressar a casa por parte de 17 homens sul-africanos, com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos, que estão presos na região de Donbass, devastada pela guerra”. Ao News24, vários homens relataram que Zuma-Sambudla os terá “abandonado” depois de os levar para lá.

Em declarações à polícia citadas pelo jornal sul-africano Daily News, Duduzile negou todas as alegações e atirou outra carta para cima da mesa, dizendo que seria também ela uma vítima.

Sambudla-Zuma garante que foi enganada por um contacto que se apresentava como “Khoza”, que afirmava ser “um cidadão sul-africano residente na Rússia e que teria ligações a um programa legítimo de treino paramilitar” no país.

“Khoza” ter-lhe-á garantido que conseguiria “facilitar o acesso a um programa de treino paramilitar legal, estruturado e não-combativo na Rússia”, tendo sido “explícito e insistente no facto do programa ser legítimo, não-combativo, baseado em competências, seguro e aberto a civis“, que não seriam colocados numa zona de combate. A própria ter-se-á mesmo juntado ao programa e viajado para a Rússia, onde recebeu um treino de um mês longe das linhas de combate, disse.

“A nossa interação começou inteiramente porque ele me abordou, e não o contrário. Confiei nas informações que ele forneceu de boa-fé, pois não tinha motivos, naquele momento, para suspeitar de fraude ou falsidade”, sublinhou, afirmando que a sua experiência a tinha feito acreditar que “o programa era legal e seguro”. “Mas também fui manipulada e usada para criar uma falsa impressão de legitimidade“, alega.

Ao todo, 22 pessoas  foram para a Rússia por sua “recomendação” para participar nesse programa, “incluindo membros da sua família e parentes de amigos próximos”, lê-se na notícia.

“Essas pessoas chegaram aproximadamente uma semana depois da minha chegada. Partilhei informações inocentemente e elas decidiram participar por vontade própria; não persuadi, pressionei ou coagi nenhuma delas“, escreveu Sambudla-Zuma, sublinhando que o facto de ter levado familiares seus a participar era “prova clara” do seu desconhecimento.