Nos últimos dois dias, surgiram esperanças de uma paz na Ucrânia, quase três anos depois do início do conflito.

A Casa Branca anunciou que foram feitos “progressos enormes”, apesar de ainda existirem alguns “pontos delicados”, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também confirmou que estava disposto a avançar com o plano de paz após discussões com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e aliados.

No entanto, apesar da recente onda de diplomacia e da versão otimista da Administração Trump, é difícil dizer se um acordo está realmente próximo de ser concluído.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esta quarta-feira que é ainda cedo para falar sobre a possibilidade de um acordo de paz na Ucrânia num futuro próximo.



“Ainda é prematuro dizer isso”, respondeu Peskov aos jornalistas, quando questionado se um acordo de paz estava próximo.

Uma fonte ucraniana de alto escalão com conhecimento direto das negociações disse à CNN que ainda existem lacunas significativas entre o que o Governo de Trump está a exigir à Ucrânia e o que Kiev está disposto a aceitar.

De acordo com esta fonte, de facto foi alcançado um consenso sobre a maioria das propostas de paz apresentadas pelos EUA, mas ainda existem três áreas cruciais onde persistem diferenças significativas.

O que divide Kiev e Moscovo?

Em primeiro lugar está a questão do Donbass e se a Ucrânia está disposta a ceder territórios-chave nesta região no leste do país que foram anexados, mas ainda não conquistados pela Rússia.

Propostas anteriores dos EUA previam que a Ucrânia entregasse o território para que este se tornasse uma zona desmilitarizada administrada pela Rússia. A fonte ucraniana adiantou à CNN que houve “certos progressos” nesta proposta, mas que ainda não havia sido tomada nenhuma decisão sobre o conteúdo ou a redação das propostas preliminares. “Seria muito errado dizer que temos agora a versão que é aceite pela Ucrânia”, disse a mesma fonte, referindo-se ao plano de paz.

Em segundo lugar está a controversa proposta dos EUA que diminui a dimensão das forças armadas ucranianas para 600 mil soldados.

A fonte ucraniana disse à CNN que um novo número foi cogitado, mas adianta que Kiev ainda procura novas alterações antes de concordar com tais limitações ao seu exército.

Por fim está a questão da entrada da Ucrânia para a NATO. Kiev mantém esta como uma das suas principais exigências e Moscovo, por sua vez, mantém-na como uma linha vermelha.


A fonte ucraniana disse à CNN que renunciar a esta ambição seria um “mau precedente” e daria à Rússia poder de veto sobre a aliança militar ocidental, “da qual ela nem sequer é membro”.


Espera-se novos desenvolvimentos na próxima semana, quando o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, irá viajar para Moscovo para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin. É também esperado um encontro entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump nos próximos dias.