O presidente dos EUA sempre usou a idade de Joe Biden como arma, acusando-o de não dar conta do recado por estar a envelhecer. Agora, o ‘feitiço pode ter-se virado contra o feiticeiro’.

Alex Brandon
O The New York Times dá conta esta quarta-feira dos primeiros sinais de falta de energia de Trump que, aos 79 anos, “enfrenta a realidade do envelhecimento no cargo”. Esta “realidade”, como lhe chama o jornal, traduz-se me dias mais curtos e menos eventos, mas não só.
O artigo do jornal norte-americano não se sustenta apenas em casos isolados, como um momento em que adormeceu na Sala Oval ou os hematomas nas mãos (cobertos com maquilhagem) que revelam os frequentes apertos de mãos – mas também um potencial problema de saúde escondido – ou ainda os tornozelos inchados do presidente.
O The New York Times faz as contas e apresenta dados concretos que refletem menos eventos e inícios dos trabalhos cada vez mais tardios.
Baseando-se nas agendas oficiais da Presidência, mantidas numa base de dados da Roll Call, os dias de Trump têm começado mais tarde comparativamente com o primeiro mandato. Em 2017, primeiro ano do seu primeiro mandato, Trump começava os eventos agendados, em média, por volta das 10h31. Agora, no segundo mandato e com 79 anos, a média passou para as 12h08 e, o facto de começarem mais tarde não os catapultou também para mais tarde.
Em média, os eventos terminam por volta do mesmo horário do primeiro ano de seu primeiro mandato, ou seja, pouco depois das 17h.
O número total de aparições oficiais também diminuiu em 39%. Em 2017, Trump realizou 1.688 eventos oficiais entre 20 de janeiro e 25 de novembro daquele ano. No mesmo período deste ano, o Trump participou em 1.029 eventos oficiais.
Nas viagens, no entanto, a tendência é inversa. No primeiro mandato, o presidente norte-americano viajou menos em contraste com este ano.
Também os seus discursos denotam, segundo a análise do New York Times, menos coerência e mais tempo a divagar comparativamente com discursos do seu primeiro mandato.
Apesar destas questões, que chegam muitas vezes a ser tema nas redes sociais, Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, elogiou a energia do presidente e defende-o: “Ao contrário da Casa Branca de Biden, que encobriu o declínio cognitivo de Joe Biden e o escondeu da imprensa, o presidente Trump e toda a sua equipa têm sido abertos e transparentes sobre a saúde do presidente, que continua excecional.”
Trump não gostou do artigo e atacou jornalista
Donald Trump, que sempre criticou Joe Biden por ser um presidente demasiado velho, acusando-o de não ter competência para executar o cargo, vê-se agora em risco de ser atacado precisamente pelo mesmo argumento.
Ao ver o artigo do jornal norte-americano, o presidente apressou-se a desmentir os rumores através da sua conta na rede social Truth: “Haverá um dia em que estarei com pouca energia — acontece com toda a gente —, mas com um exame físico perfeito e um teste cognitivo completo realizado recentemente, certamente não estarei!“
E não se ficou por aqui. Donald Trump apontou à jornalista que assina o trabalho, descredibilizando-a.
“A autora do artigo, Katie Rogers, que foi designada para escrever apenas coisas negativas sobre mim, é uma jornalista de terceira categoria, feia por dentro e por fora”, atirou.