Pauline Hanson, do partido anti-imigração One Nation, estava a tentar apresentar um projeto de lei no Senado que proibiria o uso de véus que cobrem todo o rosto na Austrália, uma política pela qual faz campanha há décadas. Poucos minutos depois de outros parlamentares a terem impedido de apresentar o projeto, regressou ao Parlamento com uma burca preta e sentou-se.
A sua demonstração foi recebida com indignação pelos colegas. A líder do Partido Verde Australiano no Senado, Larissa Waters, disse que a atitude foi “um gesto de desprezo para com as pessoas de fé”. “É extremamente racista e inseguro”, acrescentou.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, que é também líder do Governo no Senado, condenou o ato como “desrespeitoso”. “Todos nós aqui temos o grande privilégio de estar nesta câmara”, disse Wong. “Representamos nos nossos Estados pessoas de todas as crenças, de todas as origens. E devemos fazê-lo com dignidade.”
Hanson recusou-se a remover a burca e a sessão do Senado foi suspensa.
Esta é a segunda vez que Hanson usa a indumentária islâmica no Parlamento. Em 2017, usou uma burca completa no Senado para destacar o que considerava serem problemas de segurança que o vestuário representava, associando-a ao terrorismo. Hanson descreveu o Islão como “uma cultura e ideologia incompatíveis com a nossa”.
O partido One Nation tem registado um aumento do apoio popular, enquanto a principal oposição conservadora do país continua a ser assolada por disputas internas. Uma sondagem deste mês, divulgada pelo “The Australian Financial Review”, mostrou que o partido alcançou um recorde de 18% de apoio.