Quem nunca acordou no meio da madrugada e teve dificuldade para voltar a dormir? Embora isso possa parecer algo comum, aliás, até seja em alguns casos, episódios frequentes de interrupção do sono podem sinalizar problemas mais profundos, que vão desde hábitos inadequados até transtornos como ansiedade e depressão.

Acordar no meio da noite, conhecido como insônia, costuma estar relacionado a períodos de estresse ou preocupação excessiva, que deixam o sono mais leve e propenso a interrupções. Ao Infobae, a psiquiatra Myriam Monczor, especialista em distúrbios do sono na terceira idade, explicou que, com o passar dos anos, as fases mais profundas do sono tendem a diminuir, enquanto as fases superficiais se tornam mais frequentes, o que facilita os despertares ao longo da noite, especialmente na presença de dor ou desconforto físico.

Mas os motivos não se resumem à idade. Um estudo internacional recente, publicado na revista Health Data Science, analisou dados de mais de 88 mil adultos no Reino Unido e encontrou ligações entre padrões de sono inadequados e 172 tipos diferentes de doenças. Isso reforça que a qualidade do sono, e não apenas a quantidade, tem um peso importante na saúde.

De acordo com a reportagem do Infobae, a Fundação Americana do Sono explica que há quatro pilares que ajudam a avaliar a qualidade do descanso:

  • Latência do sono: quanto tempo a pessoa leva para adormecer.
  • Despertares: número de vezes em que acorda à noite.
  • Tempo acordado após adormecer: por quanto tempo a pessoa permanece desperta após ter dormido.
  • Eficiência do sono: proporção entre o tempo total dormido e o tempo deitado na cama.

Segundo a clínica médica Daniela Silva, adultos podem acordar até cinco vezes por noite, geralmente ao fim de cada ciclo do sono, sem nem perceber. O problema surge quando esses despertares se tornam longos ou constantes, impedindo o retorno ao sono profundo.

Causas emocionais e físicas

O estresse é um dos principais vilões. “Ele altera hormônios, neurotransmissores e afeta diretamente o sono. Pode fragmentar o sono e causar insônia, pesadelos e até impedir que a pessoa consiga dormir”, explica a neurologista Stella Maris Valiensi, autora do livro La ruta del sueño.

A depressão também tem forte relação com distúrbios do sono. Segundo a Johns Hopkins Medicine, pessoas com insônia têm dez vezes mais chance de desenvolver depressão, e, entre os que já têm o transtorno, 75% relatam dificuldade para dormir.

Outro fator recorrente é o uso excessivo de redes sociais à noite. A exposição à luz azul das telas inibe a produção de melatonina, o hormônio responsável por regular o sono. Além disso, pensamentos negativos e preocupações constantes podem manter a mente em alerta, impedindo o relaxamento necessário para adormecer.

Fatores físicos também contam: apneia do sono, refluxo ácido, excesso de gordura abdominal, ronco, calor excessivo, resfriados, necessidade de urinar à noite e dores musculares estão entre os motivos mais comuns. A apneia, em especial, causa paradas respiratórias breves que interrompem o sono repetidamente.

Como melhorar a qualidade do sono?

Os especialistas destacam que é possível melhorar a qualidade do sono com mudanças simples na rotina. Veja algumas recomendações da Dra. Valiensi e da Dra. Monczor:

  • Mantenha horários regulares para dormir e acordar.
  • Crie um ambiente propício: silencioso, escuro e com temperatura confortável.
  • Evite refeições pesadas e bebidas com cafeína após as 17h.
  • Reduza o consumo de álcool.
  • Evite telas e luzes fortes à noite.
  • Pratique exercícios físicos, preferencialmente pela manhã.
  • Não force o sono: se não conseguir dormir em 30 minutos, mude de ambiente e tente relaxar.
  • Evite cochilos longos durante o dia.
  • Faça uma rotina noturna de relaxamento.
  • E o mais importante: não se automedique.

Caso os despertares noturnos sejam frequentes e acompanhados de cansaço, irritabilidade, dificuldade de concentração ou sintomas de depressão, é fundamental procurar ajuda médica. Cuidar do sono é, antes de tudo, cuidar da saúde como um todo.