Euromaster

Embora a tecnologia esteja a revolucionar a condução e a melhorar a segurança, a realidade é um pouco mais ambígua. Um estudo realizado com 2 mil condutores, há certos recursos que podem ser tão frustrantes como reconfortantes. Entre as crescentes exigências por segurança e a nostalgia por botões físicos, os motoristas procuram principalmente um meio-termo, longe da sobrecarga tecnológica.

As promessas da tecnologia automóvel estão a colidir com a realidade do uso e a paciência dos motoristas. Uma pesquisa da ‘Tempcover’ expôs essa ambivalência: a maioria reconhece que a tecnologia torna a conduções mais agradável, mas muitos recursos, supostamente revolucionários, acabam por ser irritantes, por atrapalhar ou distrair.

Assistência ao condutor, alerta para dispositivos GoGo

No topo da lista de exasperações está o assistente ativo de permanência em faixa, denunciado como o mais irritante por 22% dos entrevistados. Projetada para corrigir erros de direção e melhorar a segurança, a tecnologia é vivenciada como intrusiva: alertas inoportunos, correções bruscas de direção e falsos positivos desintegram a experiência de condução. Além disso, gastamos muito tempo em longas filas de trânsito, apontando a imaturidade e a inutilidade dessa tecnologia. Pior ainda, alguns carros ‘fingem’ desligar essa função quando a despertam num momento em que consideram uma emergência. Mas sem nunca serem relevantes. Como resultado, muitos condutores desligam a função o mais rápido possível, mesmo que isso tenha impacto na classificação Euro NCAP.

Em seguida, vem o reconhecimento de voz, que irrita 17% dos utilizadores: comandos mal compreendidos, software incapaz de se adaptar a sotaques ou formulações naturais… O Google Assistente e a Siri podem sair-se melhor nas suas futuras versões com inteligência artificial, mas, por enquanto, os utilizadores oscilam entre o riso amargo e a irritação.

O terceiro lugar no pódio vai para assinaturas pagas por recursos já incluídos (17%). Isso inclui recursos como faróis adaptativos, câmara de painel, volante aquecido e bancos aquecidos. Recentemente, a BMW destacou-se neste particular com opcionais que custam 20 euros por mês – para os bancos -, mesmo com a tecnologia já presente no carro. Obviamente, para a fabricante, trata-se de uma questão de racionalizar custos e simplificar a cadeia de produção, mas os consumidores, em última análise, têm uma visão negativa desse tipo de prática.

Além disso, o sistema automático start/stop, imposto por razões ecológicas e não pelas expectativas do consumidor, cansa 14% dos condutores com as suas paragens forçadas, frequentemente consideradas mal calibradas. Quanto aos painéis multimedia, 13% dos entrevistados citam-nos como fontes de distração: telas sensíveis ao toque tornam tudo menos intuitivo e forçam o desvio do olhar da estrada, o que os torna menos práticos do que os antigos botões físicos.

Nem tudo é negativo

É, no entanto, interessante notar o que os compradores consideram inegociável: o ar condicionado continua a ser essencial para 42%, seguido por sensores traseiros, câmaras, cruise control e alertas de limite, muito à frente da direção autónoma.

A pesquisa também destacou uma nostalgia: os motoristas lamentaram o desaparecimento de recursos “antigos”. O kit de reparação não apaga a ausência do tradicional pneu de reserva. Botões e mostradores substituídos por menus complexos numa tela sensível ao toque não são populares, assim como a mudança generalizada do travão de mão eletrónico para o controlo tradicional. Conforme a eletrónica ganha terreno, muitos ainda sonham com a simplicidade e contacto direto com a máquina.

Por último, o estudo destacou um paradoxo: 60% dos condutores dizem que às vezes ficam sobrecarregados ou confusos com os diversos sistemas, mas 58% reconheceram que ainda tornam a direção agradável ou segura com auxílios de direção populares, como travagem automática de emergência, deteção de fadiga ou deteção de ponto cego.

Resta aos fabricantes encontrar o equilíbrio certo entre a satisfação do cliente, por um lado, e a conformidade com os padrões, que estão a tornar-se desnecessariamente cada vez mais drásticos.