Astrônomos da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, publicaram dados que indicam uma possível desaceleração na expansão do universo. O estudo, divulgado em 6 de novembro de 2025 na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, analisou supernovas do tipo Ia em 300 galáxias distantes. Essa observação ocorre em um momento em que projetos como o DESI sugerem variações na energia escura, a força responsável pela aceleração cósmica detectada desde 1998.
A pesquisa, liderada pelo professor Young-Wook Lee, aponta que o brilho dessas supernovas varia conforme a idade das estrelas progenitoras. Supernovas de estrelas mais jovens aparecem mais fracas, o que pode ter levado a interpretações erradas sobre a velocidade de afastamento das galáxias. Com confiança estatística de 99,99%, os resultados desafiam o modelo padrão da cosmologia, que assume expansão acelerada constante.
O universo, com 13,8 bilhões de anos, expandiu-se inicialmente devagar e acelerou há cerca de 6 bilhões de anos, segundo observações históricas. No entanto, evidências recentes do consórcio DESI, baseado no deserto do Arizona, indicam que a energia escura pode enfraquecer com o tempo. Essa hipótese, se confirmada, alteraria previsões sobre o destino cósmico, possivelmente levando a uma contração futura em vez de diluição eterna.
- O estudo usou espectros de supernovas para medir idades estelares com precisão.
- Equipes independentes nos EUA e na China validaram a correlação entre idade e brilho.
- Observações do telescópio Hubble corroboram variações em galáxias remotas.
Variações no brilho das supernovas
Astrônomos observaram que supernovas tipo Ia, usadas como velas padrão cósmicas, não mantêm brilho uniforme. Estrelas progenitoras mais velhas geram explosões mais luminosas, enquanto as jovens resultam em eventos mais dimidiídos. Essa descoberta explica discrepâncias em medições passadas de distância galáctica.
A análise de 300 galáxias revelou uma tendência clara: o escurecimento aparente de supernovas distantes relaciona-se à juventude das estrelas envolvidas. Dados de espectroscopia confirmam essa relação com alta precisão, ajustando modelos de luminosidade intrínseca.
Galáxia, astronomia, estrelas – Foto: Triff/ Shutterstock.comContexto histórico da expansão cósmica
Em 1998, duas equipes independentes detectaram aceleração na expansão universal por meio de supernovas distantes. Essa observação rendeu o Nobel de Física em 2011 a pesquisadores como Adam Riess. O modelo lambda-CDM, base da cosmologia moderna, incorporou a energia escura como componente dominante, representando 68% do conteúdo energético do universo.
Projetos subsequentes, como o Planck da Agência Espacial Europeia, mapearam flutuações primordiais que suportam o modelo. No entanto, tensões recentes, conhecidas como problema da constante de Hubble, mostram discrepâncias entre medições locais e antigas. O novo estudo da Yonsei adiciona evidências de que a aceleração pode inverter-se em escalas atuais.
Dados do DESI, com o maior mapa 3D do universo até 2024, indicam variação temporal na densidade de energia escura. Astrônomos preveem que observatórios futuros esclarecerão se essa força evolui ou permanece constante.
Métodos de observação empregados
O time coreano utilizou o telescópio Gemini Norte, no Havaí, para coletar espectros detalhados. Instrumentos como o GMOS mediram linhas de absorção em luz das supernovas, permitindo estimar idades das populações estelares. Essa técnica revela composições químicas e idades com erro inferior a 10%.
Análises estatísticas multivariadas processaram os dados, isolando o efeito da idade do brilho observado. Colaborações com o Very Large Telescope europeu forneceram imagens complementares de galáxias hospedeiras.
Críticos, como Dan Scolnic da Universidade Duke, questionam se amostras de 300 eventos bastam para conclusões globais. Ainda assim, simulações computacionais reforçam a robustez dos achados iniciais.
A integração de dados do James Webb Space Telescope, lançado em 2021, ampliou o escopo para galáxias em redshift alto. Observações infravermelhas penetraram poeira cósmica, expondo supernovas ocultas.
Implicações para modelos cosmológicos
O enfraquecimento sugerido da energia escura questiona equações que preveem expansão eterna. Se a desaceleração prosseguir, o universo poderia colapsar em um big crunch, revertendo o big bang. Essa possibilidade surge de equações da relatividade geral adaptadas à cosmologia.
Estatísticas do DESI mostram desvios de 3,5 sigma na constante cosmológica, sinalizando necessidade de revisões. Modelos alternativos, como quintessência dinâmica, ganham tração para explicar variações evolutivas.
Críticas iniciais ao estudo
Especialistas como Adam Riess, da Johns Hopkins, argumentam que premissas sobre populações estelares subestimam incertezas. Análises prévias de 2018 já refutaram variações semelhantes com dados do Pan-STARRS.
Dillon Brout, da Universidade de Boston, destaca que correlações locais não se estendem uniformemente ao cosmos distante. Testes adicionais com o Vera C. Rubin, operacional em 2026, mapearão 20 mil supernovas para validação.
Observatórios futuros em ação
O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, detectará supernovas com precisão de idade estelar inédita. Seu levantamento LSST cobrirá o céu sul, gerando dados para refinar medições de expansão. Início previsto para janeiro de 2026.
O telescópio Euclid da ESA, lançado em 2023, mapeia matéria escura em bilhões de galáxias. Resultados preliminares de 2025 integram-se a estudos de energia escura, oferecendo contexto para desacelerações potenciais.
Projetos como o Roman Space Telescope da NASA, com lançamento em 2027, focarão em microlentes gravitacionais para distâncias extremas. Essas missões coletivas prometem resolver tensões cosmológicas em uma década.