Riade 1989, Lisboa 1991 e Doha 2025. A partir desta quinta-feira, são as cidades e anos em que Portugal venceu um Mundial de futebol! Aos triunfos conquistados pela Seleção de sub-20, juntam-se hoje os meninos dos sub-17, que foram homens de barba rija e voltaram a colocar, 34 anos depois, o futebol português no pináculo da modalidade a nível global!
Bino Maçães, que há 36 anos no ainda denominado Mundial sub-16, integrou o plantel de Portugal que acabou no 3.º lugar da prova, junta-se agora a Carlos Queiroz como os únicos treinadores a colocarem as Quinas portuguesas no lugar mais alto do pódio do futebol mundial. Junta também o título de campeão europeu que já conquistara no último verão, num ano absolutamente memorável para este escalão.
A Áustria nunca escondeu a suas cartas. No pontapé de saída, atirou a bola pela linha de fundo portuguesa, de modo a pressionar alto desde o primeiro minuto. Portugal não se deixou intimidar e rapidamente impôs o seu jogo. Anísio Cabral e Mateus Mide criaram uma jogada que culminou num remate perigoso, mas ao lado, de Duarte Cunha (3’). O primeiro aviso estava dado.

Adeptos de Portugal na final do Mundial sub-17 – Foto: EPA/Noushad Thekkayil
O mesmo Duarte Cunha introduziu depois a bola na baliza (13’), mas fez um defes austríaco chocar com o guardião Daniel Posch e não passou impune. A Áustria respondeu com um lance perigoso protagonizado por Johannes Moser (15’). O melhor marcador do Mundial atirou, no coração da área, contra Mauro Furtado, e depois ao lado.
Apesar desse susto, Portugal tinha um jogo controlado, com uma clara perceção dos riscos que devia correr no passe e nas desmarcações, mas bem trabalhado, sobretudo, pelas alas, onde Mateus Mide se deslocava para dar qualidade à distribuição de jogo.

Stevan Manuel (Portugal) em ação na final do Mundial sub-17 – Foto: EPA/Noushad Thekkayil
A Áustria vivia um pouco mais de um jogo anárquico, queria provocar um caos controlado com passes verticais e contra-ataques rápidos, mas que Portugal sabia muito bem controlar. Sem essa arma, a Áustria tinha muito pouco poder ofensivo e não encontrava soluções.
Ia-se fiando na defesa, a melhor deste Mundial, com apenas um golo sofrido nos sete jogos anteriores. Mas Portugal tinha marcado 22 vezes no mesmo período e com tanta qualidade no ataque, o adversário tinha de sucumbir.
Mauro Furtado descobriu Duarte Cunha no flanco direito, o avançado combinou muito bem com Mateus Mide e assistiu Anísio Cabral, que atirou (32’) para uma baliza deserta e aproximou Portugal do tão desejado título! O selecionador austríaco ainda pediu ao árbitro para rever as imagens do lance e, de facto, parecia que o avançado do Benfica estava em fora de jogo, mas o árbitro decidiu que o lance era legal.
A Áustria sabia que tinha de mudar o seu jogo na 2.ª parte e, com um jogo mais apoiado, conseguiu criar um ligeiro ascendente na posse de bola, mas pouco mais do que isso. Só Hasan Deshishku ameaçou (48’) de livre direto, mas Romário Cunha estava atento.
Portugal não se inibiu e continuou a apostar no ataque. Stevan Manuel fez um defesa cair (49’), antes de rematar com perigo e Mateus Mide (62’) ficou muito perto do 2-0 com um remate de cabeça, após um cruzamento perfeito de Anísio Cabral.

Martim Chelmik (Portugal) em ação na final do Mundial sub-17 – Foto: EPA/Noushad Thekkayil
Portugal conseguia controlar o jogo e até atacar com mais perigo do que a Áustria. Faltava discernimento e cabeça fria para os austríacos, que não encontravam soluções para, em ataque organizado, desbloquearem a compacta defesa portuguesa. Só nos minutos finais é que conseguiram mesmo encostar Portugal às cordas e, aos 85’, o sonho português estremeceu quando Daniel Frauscher, acabado de entrar em campo, acertou no poste da baliza de Romário Cunha.

A festa do golo de Anísio Cabral (Portugal) na final do Mundial sub-17 – Foto: FPF
Portugal conseguiu mesmo manter a vantagem, ainda que de forma algo atabalhoada em algumas ações, mas o mais importante foi conseguido! É o primeiro título mundial de Portugal neste escalão, numa geração verdadeiramente especial e que, a partir de hoje, escreveu história a letras douradas no futebol português!
No futebol de seleções, incluindo todos os escalões, já só faltam dois títulos por conquistar a Portugal: o Europeu de sub-21 e o Mundial na Seleção principal. Roberto Martínez e Luís Freire, o palco agora é vosso.
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