O tribunal militar de Rostov-on-Don, na Rússia, condenou a prisão perpétua oito pessoas, por crimes de terrorismo e transporte de explosivos, como autores do ataque à ponte de Kerch, entre Rússia e Crimeia, levado a cabo a 8 de outubro de 2022.Dois dos acusados foram também condenados por contrabando de explosivos.

A ponte de Kerch, utilizada pelo exército russo como ponto de passagem para a frente de batalha do sul da Ucrânia, foi alvo de um ataque, em 2022, que matou cinco pessoas. Os serviços secretos ucranianos reivindicaram a autoria do ataque, tendo a Rússia retaliado com o bombardeamento de infraestruturas ucranianas, sobretudo de produção de energia.

A Associated Press avança que, entre os oito condenados, há cidadãos russos, ucranianos e arménios, tendo outros cinco sido julgados in absentia, todos acusados de terem ajudado a secreta ucraniana a perpetrar o ataque.Um camião armadilhado foi detonado sobre a ponte. O material explosivo estaria escondido em rolos de filme de plástico, alegadamente contrabandeados pelo agricultor Roman Solomko, através da Geórgia, Bulgária e Arménia, de acordo com o serviço de língua russa da BBC.

Segundo o Mediazona, órgão de comunicação russo contra o regime de Putin, e a BBC, a carga foi transportada através destes países com o esquema organizado pelo empresário georgiano, Levan Benashvili, que tratou da legalização da carga com o selo da União Económica Euroasiática, que facilitou o seu transporte para a Rússia.

Solomko irá cumprir os primeiros sete anos da pena numa prisão e os restantes numa colónia penal de máxima segurança, juntamente com o pagamento de uma multa de 700 mil rublos (cerca de seis mil euros)

O chefe dos serviços secretos ucranianos, Vasyl Malyuk, havia admitido, em entrevista ao jornal ucraniano New Voice, em 2023, que usara os envolvidos para a realização do ataque sem o conhecimento destes.

“Todos são acusados de cumplicidade num ato terrorista. Embora, na realidade, estivessem apenas a fazer os seus negócios normais do dia-a-dia. Eram contrabandistas russos comuns”, alegou Malyuk, algo que os procuradores russos consideraram como sendo um argumento “insustentável”.

Um dos alegados autores, Oleg Antipov, empresário e dono da empresa TEK-34, que encomendou o transporte do camião que explodiu na ponte, afirma que se entregou ao Serviço Federal de Segurança russa assim que soube da explosão e nega ter sido cúmplice do ataque.

De acordo com o site Mediazona, Antipov irá cumprir os primeiros cinco anos numa prisão e a restante pena numa colónia penal de máxima segurança, juntamente com o pagamento de uma multa de 600 mil rublos (cerca de cinco mil euros).

O ataque à ponte de Kerch foi considerado um dos principais elementos da resposta ucraniana à invasão russa. A Crimeia havia sido anexada pela Rússia em 2014, e a ponte, considerada como um símbolo dessa anexação, foi inaugurada em 2019.