O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou os EUA de estarem a pressionar a Venezuela para tentar ter acesso às suas reservas petrolíferas, usando o pretexto do combate ao tráfico de droga para o fazer. Numa entrevista à CNN internacional, o líder aproveitou para contra-atacar novamente as acusações norte-americanas contra si, alegando que permitia e até participava no tráfico de drogaspara os Estados Unidos.

Para Petro, a lógica de Trump é a procura de uma “negociação” que tem a procura de petróleo no seu “cerne”. “Ele não está a pensar na democratização da Venezuela, muito menos no narcotráfico”, considerou ainda o líder.

O colombiano tem-se colocado no meio da tensão entre Washington e Caracas, com o Presidente dos EUA a acusá-lo em outubro de ser “um traficante de drogas ilegais”, em plena campanha norte-americana de ataques a embarcações no mar das Caraíbas e no Pacífico, perto da costa da Colômbia, alegando pertencerem a traficantes de drogas.

Na terça-feira, os EUA designaram o chamado “Cartel de los Soles” como uma organização terrorista estrangeira, apontando o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como o suposto líder deste grupo.

O Presidente colombiano, porém, afirma que nenhuma que “nenhuma investigação” do seu país demonstrou uma ligação entre “o tráfico colombiano de drogas e Maduro”, sublinhando que o principal problema de Caracas é outro: “a falta de democracia”.

Entre as acusações de Trump a Petro, destaca-se a crítica de supostamente não fazer o suficiente para parar o tráfico de droga no seu país. No final do mês passado, o Departamento do Tesouro norte-americano sancionou o Presidente da Colombia, acusando-o “participar no tráfico ao permitir que os cartéis de droga floresçam” e alegando que a produção de cocaína tinha “explodido” desde que tomara posse.

Na entrevista, Gustavo Petro negou tudo isto e defendeu o facto de ter apreendido mais cocaína que todos os seus antecessores. “Consegui garantir que o crescimento das plantações — que está a estagnar — é largamente ultrapassado pelo crescimento nas apreensões“, disse.

Para ele, o Presidente dos EUA recusa-se a reconhecê-lo por causa do seu “orgulho”. “Ele acha que sou um bandido subversivo, um terrorista e coisas do género, simplesmente porque fui membro do M-19”, referindo-se ao Movimento 19 de Abril, um grupo de guerrilha colombiano ativo durante a década de 70 e 80.

O líder colombiano visitou o solo dos EUA na Assembleia-Geral da ONU sobre a guerra em Gaza e o eventual reconhecimento, por vários países, do Estado da Palestina. Numa manifestação à margem da assembleia, Petro pediu aos soldados norte-americanos que desobedeçam a ordens de Trump “contra a humanidade”, algo que levou a que o seu visto fosse revogado.

Questionado pela entrevistadora se teria alguma mensagem para o povo dos EUA, o líder colombiano respondeu que era igual à que é dada às forças especiais norte-americanas. “‘A vossa função’, como dizem nos juramentos, ‘é lutar contra a opressão’. Eu repeti isto nas ruas nos Estados Unidos e isso também me custou“, lembrou.