A publicação
Escola em Lisboa proíbe a celebração do Natal. Por toda a Europa vemos o cancelamento de celebrações e mercados de Natal por questões de ameaça/insegurança ou em nome da “inclusão”. Até quando vamos tolerar estas humilhações?
— Rita Maria Matias, deputada do Chega, 25 de Novembro
O contexto
Rita Matias publicou um vídeo na sua conta do X (antigo Twitter), na terça-feira, 25 de Novembro, afirmando que teria recebido uma denúncia, por mensagem, de um encarregado de educação da Escola Secundária Gil Vicente, na Graça, em Lisboa. A mensagem afirma que a escola proibiu a associação de estudantes de realizar uma festa de Natal para não desrespeitar minorias religiosas.
Escola em Lisboa proíbe a celebração do Natal. Por toda a Europa vemos o cancelamento de celebrações e mercados de Natal por questões de ameaça/insegurança ou em nome da “inclusão”. Até quando vamos tolerar estas humilhações? pic.twitter.com/r6xL7Ll5uL
— Rita Maria Matias (@ritamariamatias) November 25, 2025
Isto é “um insulto, principalmente quando vemos que, por exemplo na Alemanha, existem protestos que estão a condicionar os mercados de Natal”, considera a deputada do Chega. No momento em que faz esta associação, mostra um vídeo com várias pessoas, em protesto. Nesse, lê-se, em inglês: “milhares de imigrantes muçulmanos chegaram ao mercado de Natal na Alemanha para protestarem contra a tradição, que vai contra as suas crenças e o Islão”.
“Custa-me imenso perceber que estamos a ser autofágicos e a permitir que a nossa casa seja invadida desta forma. É lamentável e espero sinceramente que se apurem responsabilidades”, defende Rita Matias.
Os factos
O Agrupamento de Escolas Gil Vicente publicou uma nota no seu site onde se lê: “Nas últimas horas circularam declarações públicas sobre a ‘Escola Secundária Gil Vicente, em Lisboa, na Graça’, afirmando que a direcção teria proibido a associação de estudantes de realizar uma festa de Natal. Essa informação é falsa.”
A nota, assinada não só pela directora, como pela associação de estudantes, acrescenta ainda: “Mantemos o compromisso com a seriedade e o respeito pela nossa comunidade. Desejamos a tod@s [sic] celebrações felizes, com amor e verdade.”
Na publicação, Rita Matias também compara a situação que dizia ter acontecido na escola com alegados protestos de muçulmanos que estariam a ocorrer nos mercados de Natal na Alemanha contra as celebrações cristãs. Contudo, o vídeo que mostra surgiu, pela primeira vez, em Outubro de 2024, e é falso também que se refira à situação alegada por Rita Matias.
O vídeo mostra um protesto em Hamburgo, mas que decorreu um mês antes de se iniciarem os mercados de Natal naquela cidade alemã. O vídeo já foi utilizado por páginas de extrema-direita que alegavam tratar-se de uma tentativa dos muçulmanos de introduzir a lei Sharia na Alemanha.
Vários órgãos de comunicação alemães, atribuem o vídeo a protestos de 14 de Outubro de 2024, em Hamburgo, organizados pelo movimento muçulmano Interaktiv, mas relativos à sua oposição a Israel, não ao Natal.
Veredicto
Não só é falso que a Escola Secundária Gil Vicente tenha proibido a associação de estudantes de realizar uma festa de Natal, como também é falso que o vídeo usado em tom de comparação seja relativo a muçulmanos em protestos contra os mercados de Natal, em Hamburgo, na Alemanha.