A gente raramente dá o devido valor ao YouTube enquanto plataforma de vídeo (por mais problemática que ela seja).
Eu quando era criança, como não tinha acesso a MTV, para poder ver como era Ozzy Osbourne ou o Nirvana era quase impossível. Tinha que esperar passar uma matéria em algum telejornal ou torcer para o clipe passar no Fantástico ou algo assim. E, mesmo assim, para você poder assistir outras vezes quando quisesse, só se conseguisse gravar em VHS.
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Foto: Rough Trade – Por Eric Watson
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Mesmo assim, a qualidade de gravação do VHS (por ser uma mídia magnética) o som e a imagem ia se deteriorando com o passar do tempo.
Hoje podemos assistir a hora que quisermos a inúmeras horas de pérolas e raridades que a gente sequer imaginava que existisse.
Uma dessas cenas impagáveis que a maior plataforma de vídeo de todos os tempos foi o vídeo que mostra o vocalista do The Smiths, Morrissey, em 1984, sendo entrevistado em uma sala de aula por crianças de nove anos.
Vale notar que a banda na época ainda estava se popularizando, por isso o vocalista foi erroneamente identificado como “Paul Morressey”. Mostrando sua habitual “sensibilidade”, Moz não hesitou em dizer na cara da criançada que “nunca gostei de crianças”.
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“Quando eu tinha nove anos, era um pequeno desordeiro provocador. Eu nunca gostei da escola, e nunca gostei muito de crianças — o que tornou minha vida terrivelmente difícil. Muitas das letras que escrevo são sobre a escola, e o tempo horrível que vivi nela. Eu, de uma forma estranha, me vinguei de todos aqueles professores horrorosos que tornavam minha vida miserável. Acho que isso deveria servir de lição a todos os professores do presente: que eles deveriam tratar seus alunos com o máximo de cautela. Caso contrário, no futuro, todos os alunos do mundo podem assinar contrato com gravadoras e se vingar.”
Ao ser questionado sobre o nome The Smith, ele respondeu: “Eu decidi [por esse nome] porque é o sobrenome mais comum. E, para mim, é hora de as pessoas comuns do mundo mostrarem sua cara. […] Para mim, cantar é uma maravilhosa válvula de escape. E cantar suas próprias letras é maravilhoso. O que mais há para ser?”
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Ao ser questionado sobre por que você canta segurando flores, ele respondeu: “Por que eu seguro flores? Eu acho flores coisas muito bonitas, legais e inocentes. Elas não fazem mal a ninguém, elas não arrotam, não fazem nada de feio. Então… por que não? É melhor, creio eu, do que sacudir meias por aí.”
Após uma palhinha acústica de “This Charming Man”, Morrissey comentou: “‘This Charming Man’ fala sobre ser encantador — algo que pouquíssimas pessoas são nos dias de hoje. Gosto da ideia de incutir essas palavras na mente das pessoas; quem sabe isso não possa influenciar uma nova geração. Não precisamos ser violentos, feios ou arrogantes, apenas ser encantadores. E que lugar agradável se tornaria o mundo.”
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Confira a entrevista (sem legendas em português) no vídeo abaixo.
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The Smiths foi uma dessas bandas que durou poucos anos, mas mudou a cara do rock: assim como Cream, Jimi Hendrix Experience, Sex Pistols, Joy Division e podemos incluir nessa até mesmo o Nirvana e os Beatles.
The Smiths surgiu na Inglaterra, em Manchester, formado por Morrissey e o prodígio guitarrista Johnny Marr. A trajetória deles foi tão curta que apenas três anos separam seu álbum de estreia e seu último disco: “The Smiths” (1984) e “Strangeways, Here We Come” (1987).
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Apesar do pouco tempo que durou, eles deixaram uma marca profunda em subgêneros como post punk e indie rock, inspirando nomes que vão de Oasis a Legião Urbana.
Teve até uma vez que Kurt Cobain avacalhou a apresentação de “Smells Like Teen Spirits” no Top of the Pop (maior programa musical da TV da Inglaterra) imitando o vocal do The Smiths:
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