A garantia pública, medida criada pelo Governo para apoiar jovens na aquisição de habitação própria, continua a ser muito procurada pelos jovens. Em Outubro, cerca de um em cada dois empréstimos à habitação de jovens até aos 35 anos teve garantia do Estado. Mais concretamente, 47,9% dos contratos e 50,0% do montante contratado por jovens foram ao abrigo deste regime que permite aceder a 100% do crédito para a aquisição do imóvel.
Os dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta sexta-feira, mostram, na prática, que os jovens com acesso à garantia pública conseguem pedir mais crédito que os restantes, embora a diferença não seja muito significativa.
O montante de crédito concedido ao abrigo deste regime, em que o Estado fica fiador entre 10% e 15% do montante emprestado pelas instituições financeiras, ascendeu a 538 milhões de euros, mais 8% que no mês anterior. O número de contratos, num total de 2600, subiu 7,8%.
No final de Outubro, estavam utilizados 46,5% (551 milhões de euros) do montante total atribuído pelo Estado para garantia no âmbito deste regime, avança o BdP. O que, a manter-se este ritmo, permite alavancar este regime durante boa parte do próximo ano. Contudo, o ritmo de execução dos diferentes plafonds atribuídos a cada instituição pode variar.
Desde o arranque da medida, no início do ano, foram celebrados 20,4 mil contratos de crédito à habitação própria e permanente ao abrigo do regime de garantia do Estado, num total de quatro mil milhões de euros. Estes contratos corresponderam a 41,4% do número de contratos e 43,6% do montante contratado, no mesmo período, por jovens até aos 35 anos.
Considerando o universo total de crédito concedido para aquisição de habitação própria e permanente até final de Outubro (e não apenas a jovens), os contratos com garantia pública representaram 22,8% do número total de contratos e 25,9% do montante de crédito concedido.
Os empréstimos concedidos com fiança do Estado continuam a evidenciar uma forte dispersão geográfica, embora a entidade liderada por Álvaro Santos Pereira não divulgue os números absolutos dessa dispersão, revelando apenas o seu peso relativo no crédito a jovens.
Assim, de acordo com o BdP, as regiões do Alentejo, Beira Baixa, Lezíria do Tejo, Terras de Trás-os-Montes e Beiras e Serra da Estrela, registaram mais de metade dos contratos de crédito à habitação própria e permanente celebrados por jovens entre Janeiro e Outubro com garantia do Estado. Esse peso já foi mais reduzido na Grande Lisboa e na Região Autónoma da Madeira, representando, nestas áreas, cerca de um terço do total.
O elevado custo dos imóveis nos grandes centros poderá ajudar a explicar a compra de habitação por jovens fora dos grandes centros urbanos.
Bem mais favorável tem sido a evolução das taxas de juro, que no caso da Euribor se têm mantido próximas dos 2%, ligeiramente mais alta no caso do prazo de 12 meses (2,2%), patamar que também influencia as taxas mistas (com um período inicial fixo e o restante variável), regime que tem utilizado nos empréstimos mais recentes.