A autoridade de concorrência italiana (AGCM, na sigla original) impôs uma multa de um milhão de euros à retalhista online de ultra fast fashion Shein por induzir os clientes em erro quanto ao impacte ambiental dos seus produtos.

Esta é a segunda sanção financeira imposta à marca fundada na China por uma autoridade de concorrência europeia em pouco mais de um mês, depois de França ter multado a empresa em 40 milhões de euros, no início de Julho, por descontos falsos e alegações ambientais enganosas.

A multa italiana foi imposta à Infinite Styles Services Co. Limited, a empresa sediada em Dublin que opera a plataforma online da Shein na Europa, após uma investigação de greenwashing lançada pela AGCM em Setembro. Até agora, a empresa, actualmente sediada em Singapura, não reagiu à sanção.

A AGCM acusou as declarações de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social no site da Shein de serem “por vezes vagas, genéricas e/ou excessivamente enfáticas e, noutros casos, enganosas”.

As alegações da Shein sobre o design circular e o potencial de reciclagem dos produtos “foram consideradas falsas ou, no mínimo, confusas”, assim como os argumentos ecológicos da colecção “evoluSHEIN by design” foram exagerados, afirmou o regulador.

A colecção em causa é promovida como sendo de “fabrico mais sustentável e responsável”, mas a AGCM argumenta que os consumidores podem ser induzidos em erro a pensar que a linha é feita a partir de materiais ecológicos e totalmente recicláveis, “um facto que, considerando as fibras utilizadas e os sistemas de reciclagem actualmente existentes, é falso”.

Roupa ultra barata

A autoridade também questionou os compromissos “vagos e genéricos” da Shein de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 25% até 2030 e chegar a zero até 2050, observando que se contradizem com um aumento das emissões em 2023 e 2024.

O regulador italiano reiterou que a Shein tem “um dever de cuidado”, já que “opera num sector altamente poluente”, como é a fast fashion.


Quando foi noticiado o arranque da investigação, no ano passado, a Shein disse que estava “pronta para cooperar abertamente com as autoridades italianas, fornecendo apoio e as informações necessárias para responder a quaisquer perguntas”.

Fundada na China, a Shein é conhecida pela roupa ultra barata, que, depois de anunciar a intenção de se cotar na bolsa de Londres, tem sido alvo de escrutínio também pelos direitos humanos nas fábricas da rede de fornecedores.

No início de Junho, a DECO, em conjunto com outras 24 organizações europeias de consumidores, também apresentou uma queixa contra a Shein, por motivos similares, à Comissão Europeia. “Em causa está o uso de técnicas enganosas — conhecidas como dark patterns ou padrões obscuros — que levam os consumidores a comprar mais do que pretendiam, agravando problemas ambientais e sociais associados à fast fashion”, referia-se, então, em comunicado da associação de defesa do consumidor.