Cena: uma única lanterna (vermelha) nas masmorras de um castelo e ouvem-se os grilhões de um prisioneiro que não se consegue libertar. Este é o filme no qual o Aves SAD é protagonista e o V. Guimarães realizou a 12.ª cena aplicando uma goleada de 4-0.
Num início em que se jogou devagar, devagarinho, lá foi a equipa da casa a mais incisiva na procura do golo, com uma primeira ameaça de Noah Saviolo e depois por Telmo Arcanjo, mas ambas as tentativas saíram ao lado da baliza de João Gonçalves. Mal a velocidade entrou em campo, houve golo. Numa saída rápida dos conquistadores, aos 14 minutos, Camara foi lançado no espaço por Arcanjo e viu que vinha Nélson Oliveira para a zona de finalização, deu a bola ao capitão na ausência de Samu que com um belo remate de primeira inaugurou o marcador no Estádio D. Afonso Henriques.
Nem o golo deu um safanão na partida que apenas voltou a ter motivo de interesse ao minuto 27. Óscar Rivas decidiu terminar com a monotonia e conduziu a bola para o ataque, libertou para o extremo cabo-verdiano que cruzou, o alívio de Rúben Semedo foi bastante deficiente e o próprio central espanhol, que tinha iniciado a jogada, faturou contando ainda com um desvio em Devenish.
A equipa forasteira ficou desnorteada e, passados cinco minutos, sofreu o terceiro. Na sequência de um pontapé de canto, Rivas subiu mais alto que toda a gente, penteando a bola que foi para Beni e o médio angolano não perdoou.
João Pedro Sousa procurou algo diferente no reatamento, colocando Rafael Barbosa e Bruno Lourenço, sendo que o médio ex-Sporting fez o cruzamento para Nenê cabecear à trave e depois o ex-Boavista falhou a amenda, enviando por cima, na única oportunidade de golo dos visitantes na noite fria de Guimarães.
Aos 75 minutos, Oumar Camara fez o quarto com um desvio subtil de cabeça, depois de um cruzamento de Rodrigo Abascal que foi subindo pelo flanco esquerdo e acabou por assistir o seu companheiro. A mão-cheia esteve perto, mas o livre direto de Mitrovic embateu com um estrondo no poste.
O V. Guimarães atinge os 17 pontos, ao conseguir vencer dois jogos consecutivos na Liga pela primeira vez esta temporada. Já o Aves SAD segue na cauda da classificação (três pontos), ainda sem triunfos, tendo apenas três empates e vai perdendo o comboio rumo ao objetivo da permanência. O que se adivinha complicado face à imagem que deixaram neste encontro.
Melhor em campo: Óscar Rivas (nota 8)
O central espanhol não teve muito trabalho a nível defensivo, mas foi sempre impecável em todas as ações. Porém, o jogador, de 25 anos, deu muito mais nas vistas no ataque, tendo apontado um golo, numa jogada iniciada por cima, colocando velocidade no jogo e também assistiu de cabeça para o tento de Beni que deixou a equipa com uma vantagem confortável.
As notas dos jogadores do V. Guimarães: Juan Castillo (5), Miguel Maga (5), Óscar Rivas (8), Rodrigo Abascal (6), João Mendes (6), Beni Mukendi (7), Gonçalo Nogueira (5), Telmo Arcanjo (6), Oumar Camara (7), Noah Saviolo (6), Nélson Oliveira (7), Diogo Sousa (5), Samu (5), Alioune Ndoye (5), Tony Strata (-) e Matija Mitrovic (5).
A figura: Rafael Barbosa (nota 6)
O médio foi lançado na segunda parte e conseguiu dar muito mais dinâmica à equipa. Sempre disponível para receber a bola, tentando levá-la para zonas mais ofensivas. No lance mais perigoso do Aves SAD no encontro, foi o jogador português, de 29 anos, que efetuou o cruzamento, bem medido, para a cabeça de Nenê que acabou na trave da baliza do V. Guimarães.
As notas dos jogadores do Aves SAD: João Gonçalves (4), Sidi Bane (4), Rúben Semedo (3), Devenish (3), Kiki (4), Gustavo Assunção (4), Jaume Grau (5), Tunde (5), Diogo Spencer (5), Óscar Perea (4), Nenê (5), Bruno Lourenço (5), Rafael Barbosa (6), Tomané (5), Diego Duarte (5) e Algobia (-).
Muito fácil de justificar, pois estivemos perante uma equipa competente e outra muito incompetente. Não fomos capazes de aplicar aquilo que trabalhámos e aí culpa minha na falha ao transmitir a estratégia. Pouco competitiva, ingénua, com facilidade o adversário colocou-se em vantagem, sem sequer pressionar a nossa equipa. Um mau jogo.
Entrámos bem no jogo e foi algo que ainda não tínhamos feito de forma tão vincada. Isso marcou uma posição para nós, enquanto equipa, para sermos mais agressivos na transição defensiva. Tivemos a capacidade de manter o jogo longe da nossa baliza. Temos de ser mais maduros no controlo do jogo, quando está resolvido no ponto de vista do resultado.