prato com alimentos típicos da dieta cetogênica com carnes, ovos e abacate

Estudo revela complicações metabólicas sérias em camundongos após longos períodos seguindo a dieta cetogênica. (Foto: olenayeromenkophotos)

A dieta cetogênica é um tipo de alimentação que reduz drasticamente os carboidratos, aumenta o consumo de gorduras e mantém as proteínas em níveis moderados.

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Criada inicialmente para tratar epilepsia, ela acabou se popularizando entre pessoas que querem perder peso ou controlar condições como obesidade e diabetes tipo 2.

Mas um estudo recente da University of Utah Health, publicado na revista Science Advances, trouxe novas dúvidas sobre os efeitos dessa dieta quando seguida por longos períodos.

Como o estudo foi feito

Para observar os efeitos a longo prazo, os pesquisadores acompanharam camundongos machos e fêmeas alimentados com a dieta cetogênica

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Ao longo do estudo, esses animais mantiveram pesos corporais bem mais baixos, o que inicialmente sugeria um resultado positivo.

Mas o quadro mudou rapidamente: mesmo com menos ganho de peso, os camundongos desenvolveram complicações metabólicas sérias, e algumas delas apareceram poucos dias depois do início da dieta.

Gordura no fígado

Em entrevista ao SciTechDaily, Amandine Chaix, uma das autoras do estudo, afirmou que a dieta cetogênica não foi capaz de prevenir a doença hepática esteatose (também conhecida como gordura no fígado).

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“Uma coisa muito clara é que, se você tem uma dieta muito rica em gordura, os lipídios precisam ir para algum lugar, e eles geralmente acabam no sangue e no fígado”, explica.

Quando ultrapassa 5% do tecido hepático, o acúmulo de gordura pode causar inflamação e evoluir para doenças mais graves, como cirrose e câncer de fígado.

Mais resultados

Após dois a três meses na dieta cetogênica, os camundongos também apresentaram níveis muito baixos de glicose e insulina no sangue

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Segundo Chaix, “o problema é que, quando você dá um pouco de carboidrato a esses camundongos, a resposta deles é completamente distorcida. A glicose no sangue sobe muito e permanece alta por muito tempo, e isso é bastante perigoso.”

Os pesquisadores descobriram que isso acontecia porque as células do pâncreas não estavam produzindo insulina suficiente. Elas mostravam sinais de estresse, provavelmente devido aos altos níveis de gordura circulando por longos períodos.

A boa notícia é que a dificuldade de regular a glicose foi revertida quando os camundongos deixaram a dieta, indicando que parte dessas alterações pode não ser permanente se o padrão alimentar for interrompido.

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Por Vitoria Estrela