Emídio Sousa garantiu ainda que Governo “não recebeu pedidos de ajuda” de portugueses a residir na Venezuela
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas afirmou este sábado que será difícil saber quando a situação na Venezuela vai regressar à normalidade. Em entrevista à CNN Portugal, Emídio Sousa sublinhou que acompanha de perto o que se passa no país, onde reside uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro.
“Eu tenho estado em contato permanente com os nossos serviços diplomáticos e com muitas pessoas que conheço da comunidade portuguesa na Venezuela”, afirmou, garantindo que, apesar das tensões, “neste momento as pessoas estão extremamente tranquilas”, e que “há uma vida perfeitamente normal dentro das pessoas e das comunidades, não há uma preocupação com a situação que se vive até mais do exterior”. De acordo com o governante, e citando relatos que tem recebido de amigos que tem a residir no país, “as pessoas estão calmas”, embora exista “uma relativa preocupação relativamente ao cancelamento dos voos por parte da TAP”.
“A vida decorre normalmente, as pessoas hoje, que é domingo, foram à missa, conviveram, fizeram a sua vida normal”, acrescentou o secretário de Estado a partir do Brasil.
Questionado sobre eventuais pedidos de repatriamento, o secretário de Estado garantiu que não houve qualquer solicitação de ajuda para regressar a Portugal. “Não houve. Julgo que a nossa comunidade, que é significativa na Venezuela, tem vivido nos últimos anos alguns momentos de particular tensão. Portanto, hoje já não será uma situação complexa para eles enfrentar estas situações”, sublinhou, lembrando que o governo disponibiliza de mecanismos de ajuda aos emigrantes portugueses a residir no país. “Temos linhas de emergência para alguma situação de emergência consular, criamos grupos do WhatsApp, temos os nossos próprios planos de contingência, mas a situação atual é de calma, é de perfeita normalidade dentro das nossas comunidades.”
No sábado, os consulados-gerais de Portugal em Caracas e Valência divulgaram as linhas telefónicas de emergência, assim como contactos por e-mail, para apoiar os portugueses no país. Também o Gabinete de Emergência Consular, em Lisboa, mantém números ativos para situações críticas.
No comunicado é referenciado o contacto telefónico de Emergência de Portugal em Caracas +58 414-466 53 50 e o e-mail cgcaracas@mne.pt. Também são disponibilizados os contactos telefónicos do consulado em Valência +58 412-0405565 e +58 414-484 35 41, assim como o e-mail valencia@mne.pt. Os portugueses podem ainda ligar para o Gabinete de Emergência Consular através dos telefones +351 217 929 714 e +351 961 706 472, ou utilizar o e-mail gec@mne.pt.
“A nossa linha de emergência é mesmo para casos de emergência. Neste momento temos todos os canais abertos para situações de emergência e o que pedimos é que apenas recorram a eles as situações de emergência, não em situações normais para o tipo de atividade. Só em casos de emergência foram criados precisamente para esse efeito”, reforçou o governante à CNN Portugal.
Outra questão que está a gerar inquietação aos portugueses a residir na Venezuela é a suspensão dos voos da TAP, numa altura em que se aproxima o Natal. Emídio Sousa acredita que a companhia aérea portuguesa “esteve bem”, ao suspender os voos para o país, “face à situação que se vive na região e aos alertas à aviação civil”, lembrando que também outras companhias aéreas tomaram a mesma decisão, depois de o governo venezuelano ter tido uma reação que “foi exagerada”.
Ainda assim, deixou alternativas para os portugueses que pretendam passar a quadra natalícia em casa. “As pessoas ainda têm alternativas através de outros canais da Colômbia e de outros países da América do Sul, se houver alguma situação de emergência, existem companhias que ainda estão a operar, mas como disse, é difícil prever quando é que as coisas normalizarão.”
Sobre uma retoma à normalidade, salienta, não há qualquer previsão no horizonte. “É muito complexo, nós não sabemos, estamos a falar de um contexto de profunda incerteza, não temos nenhuma informação que nos possa avançar qualquer data previsível, o que esperámos é que prevaleça a paz e que seja possível retomar a normalidade dos voos da nossa Companhia Aérea o menos possível.”
As declarações surgem no mesmo dia em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) assegurou que “não há a registar qualquer situação que justifique alarme”, depois de Donald Trump ter anunciado o encerramento do espaço aéreo venezuelano. O MNE reiterou que os planos de contingência do Estado português “são matéria naturalmente reservada” e recomendou que os cidadãos mantenham os contactos atualizados, para garantir uma comunicação eficaz com os serviços consulares.