Toto Wolff, chefe da Mercedes, qualificou de “absurdo total” a insinuação de Helmut Marko de que Kimi Antonelli deixou propositadamente Lando Norris passar no GP do Qatar. As coisas aqueceram nos bastidores depois de Helmut Marko ter dito na Sky Alemã que Antonelli fez de propósito ao deixar passar Lando Norris, mas Toto Wolff respondeu à letra: “é um disparate completo, que me deixou de queixo caído. Que falta de miolos é preciso ter para dizer uma coisa destas!”

Na penúltima volta, Antonelli saiu largo na Curva 10, permitindo a Norris subir de quinto a quarto – dois pontos extras que mantêm o líder do Mundial 12 à frente de Verstappen para Abu Dhabi. Engenheiro de Verstappen, Gianpiero Lambiase, questionou no rádio: “Não sei o que aconteceu ao Antonelli. Parece que simplesmente se desviou e deixou passar o Norris.”​

Marko sugeriu intenção no erro mas Kimi Antonelli explicou que cometeu um erro que quase lhe custou uma saída de pista. “Entrei na Curva 9 um pouco mais rápido do que na volta anterior. O ar sujo tornou o carro mais imprevisível, com menos downforce e com os pneus a sobreaquecer. De repente, perdi a traseira e saí fora da pista, perdendo a posição para o Norris, o que foi muito frustrante”, explicou o piloto.​

Porquê este tipo de declarações?

Independentemente do que sucedeu – se foi um erro ou propositado, só a Mercedes sabe – a verdade é que este tipo de fenómeno é facilmente explicado, é muito visto no desporto em geral, tem uma explicação científica. Denomina-se (self-serving bias) ‘viés de atribuição’.

Os erros ou decisões desfavoráveis cometidas por árbitros ou adversários são percebidos como injustos, intencionais ou consequência de incompetência, o que provoca rejeição, frustração e respostas emocionalmente carregadas, como invectivas e acusações. Tal como fizeram Gianpero Lambiasse e Helmut Marko.

Noutra perspetiva, se for a nosso favor, “no passa nada” como dizem os espanhóis, na maioria dos casos, aplica-se o ‘viés de confirmação’: só vemos o que queremos. Por exemplo, quando um erro de um árbitro favorece a nossa equipa, o cérebro interpreta-o como “justo” ou “corretamente arbitrado”, confirmando a convicção de que o nosso lado merece vencer – ignora-se evidências contrárias para evitar dissonância cognitiva. Os erros favoráveis reforçam a ilusão de mérito próprio…