“Existe vida em Marte?”, indagou uma vez David Bowie. Uma pergunta igualmente intrigante é: existem relâmpagos em Marte?
Faz anos que cientistas suspeitam da existência de atividade elétrica no Planeta Vermelho, mas só agora a confirmação chegou. O robô Perseverance, da Nasa, captou o som de relâmpagos em Marte, fazendo dele o quarto planeta do Sistema Solar a ter atividade elétrica confirmada – além da Terra, Saturno e Júpiter também integram o grupo eletrizado.
Mas os raios marcianos não são iguais aos luminosos e imponentes relâmpagos terrestres. Na verdade, trata-se de pequenas e discretas descargas elétricas, numa escala de centímetros, parecidas com faíscas e apelidadas de “mini-relâmpagos”. Infelizmente, não há registros visuais deles: a detecção foi feita por meio de áudios.
Choque marciano
Na Terra, relâmpagos se formam quando partículas de gelo e água nas nuvens de chuva acumulam energia e ficam eletrizadas ao raspar umas nas outras, da mesma forma que uma bexiga acumula energia estática quando é esfregada. Esse processo é chamado de efeito triboelétrico.
Por décadas, cientistas debatiam se algo parecido acontecia em Marte: partículas de poeira e areia, que são abundantes na atmosfera marciana, poderiam acumular estática ao raspar umas nas outras durante ventanias e tempestades de areia. No entanto, o fenômeno nunca foi detectado diretamente, apesar de tentativas anteriores.
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Agora, uma resposta ao mistério foi possível graças ao robô Perseverance, da Nasa, que está explorando a superfície marciana desde 2021. O rover não tem um aparelho específico para detectar atividade elétrica, mas carrega consigo um microfone que registra periodicamente os sons do nosso vizinho cósmico.
Foi usando esses áudios que cientistas detectaram indícios de eventos elétricos. A descoberta foi descrita em detalhes num artigo do periódico Nature.
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A equipe analisou 28 horas de áudio em busca de pistas acústicas condizentes com eletricidade, e identificou 55 eventos do tipo. Em 54 dessas detecções, os ventos estavam intensos – correspondendo assim com o modelo que prevê que as ventanias são essenciais para eletrificar as partículas de poeira.
Você pode ouvir o fenômeno no áudio abaixo, captado pela Perseverance. O “relâmpago” é o estalido mais alto que ocorre aos 10 segundos; os outros sons são o vento e o barulho das partículas batendo no robô.
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Diferentemente da Terra, Marte tem apenas “mini-raios”, mais parecidos com pequenas faíscas. Se um astronauta tivesse contato com eles, não seria fatal: na verdade, a sensação provavelmente seria parecida com a de levar um choque ao tocar na maçaneta.
No nosso planeta, esses mini-relâmpagos também podem acontecer com partículas de areia durante ventanias, especialmente em desertos, mas são mais raros e com descargas quase insignificantes. Em Marte, porém, a atmosfera fina torna-os mais frequentes, já que exige menos estática acumulada para gerar as faíscas.
Além da Terra, Saturno, Júpiter e agora Marte, há suspeitas de que Netuno e Urano também tenham atividade elétrica.
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