Governantes portugueses presentes em Macau não tiveram lugar “na agenda” do chefe do Executivo da Região
Os dois secretários de Estado portugueses que estiveram presentes no encontro anual da Associação Portuguesa de Viagens e Turismo, que hoje terminou em Macau, não tiveram nenhum encontro formal com o chefe do Executivo da Região. O facto é tido como estranho porque Sam Hou Fai, que lidera o Governo desde 2024, “não teve agenda” para receber Pedro Machado e Hugo dos Santos, os secretários de Estado do Turismo e das Infraestruturas.
As relações de Portugal com a China são consideradas boas ou até muito boas, após a recente visita do primeiro-ministro, Luís Montenegro, mas um recente movimento de embaixadores, que colocou Manuel Cansado Carvalho como o número 1 da diplomacia portuguesa em Pequim, não terá sido bem visto pelas autoridades chinesas.
O que está em causa não é exatamente a escolha do novo representante, mas o facto de o anterior – o embaixador Paulo Jorge Nascimento -, ter sido transferido para a Etiópia, facto considerado por Pequim como uma “falta de consideração”. O embaixador que “saia de Pequim ia ser para uma chancelaria de primeira linha”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros não se pronunciou sobre o recente movimento diplomático, considerado “normal” no Palácio das Necessidades, mas as relações Portugal/China, numa altura complexa do xadrez político internacional, com a guerra das tarifas e a intervenção chinesa, mesmo que indireta, no conflito da Ucrânia, são especialmente delicadas.
A principal ironia das “portas fechadas” de hoje ao governo português reside na circunstância de o chefe do Executivo ter encontrado tempo na agenda para um encontro com o agora deputado José Cesário, atual presidente da comissão de negócios estrangeiros e ex-secretário de estado das comunidades, que também se encontra no território.