Luana Lopes Lara, cofundadora da startup de previsões Kalshi, é uma empreendedora brasileira de 29 anos que acaba de alcançar um feito marcante: segundo a Forbes, tornou-se na mulher mais jovem do mundo a atingir o patamar de bilionária “self-made”.
Nascida em Belo Horizonte, no Brasil, Luana passou parte da infância e adolescência em Timóteo, no estado de Minas Gerais, e desde muito nova combinou talento para as artes e para as ciências: estudou balé na Escola de Teatro Bolshoi do Brasil – chegando a atuar durante nove meses como bailarina profissional na Áustria – ao mesmo tempo que se destacava noutras disciplinas, tendo ganhado uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e bronze na Olimpíada Catarinense de Matemática.
Mas a certa altura mudou o rumo da sua vida: foi para os Estados Unidos estudar no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se formou em Ciência da Computação e Matemática. Foi lá que, entretanto, conheceu o seu futuro sócio, Tarek Mansour.
Em 2018, Luana e Tarek fundaram a Kalshi – uma plataforma que opera como uma bolsa de valores de previsões sobre eventos – ideia que surgiu enquanto ambos ainda eram estudantes no MIT. A proposta da Kalshi? Permitir que utilizadores comprem “contratos de eventos” com base em resultados futuros, como, por exemplo, variáveis económicas, eleições, resultados de prémios, condições climáticas ou acontecimentos culturais, definindo o preço conforme a probabilidade de ocorrência desses eventos.
Em 2020, a Kalshi obteve aprovação regulatória da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), tornando-se a primeira bolsa de eventos totalmente regulamentada nos Estados Unidos – um feito significativo diante de um mercado normalmente associado a apostas informais.
Mas 2025 está a ser um ano marcante para a Kalshi. O valor de mercado da Kalshi cresceu mais de cinco vezes em menos de seis meses, aumentando assim o património dos cofundadores.
Com cerca de 12% da empresa, a fatia de Luana ficou avaliada em aproximadamente 1,3 mil milhões de dólares (cerca de 1,12 mil milhões de euros), consolidando seu lugar como a bilionária mais jovem do mundo a construir a própria fortuna.
Mas o percurso de Luana Lopes Lara chama a atenção por várias razões. Primeiro, por quebrar estereótipos: de bailarina no Brasil a bilionária do mundo da tecnologia e finanças, tem um percurso que revela uma combinação rara de disciplina, foco e versatilidade. Depois, pela polémica inerente à natureza do negócio: a Kalshi está num limiar delicado entre previsões de mercado, apostas especulativas e instrumentos financeiros complexos e o facto de ser regulamentada dá-lhe uma aura de seriedade, mas o debate sobre o impacto de plataformas que monetizam apostas em futuros (económicos, políticos, sociais) é inevitável.
A história de Luana Lopes Lara parece confirmar que, com talento, ambição e uma ideia disruptiva, é possível alcançar feitos extraordinários, mesmo que levante também reflexões importantes sobre o tipo de empreendimento que define o “sucesso” moderno.