Este momento é também uma marca importante na empreitada, uma vez que, segundo o presidente do Conselho de Administração da Metro, Tiago Braga, significa que os trabalhos numa contagem decrescente até que os passageiros possam usufruir desta nova ligação.

“Ficou definido que a partir deste momento teríamos seis meses para concluir a obra, portanto acredito que no primeiro trimestre de 2026 teremos condições para arrancar com a operação comercial da Linha Rosa”, acredita Tiago Braga.

Ora, mediante esta garantia, o ritmo dos trabalhos deve aumentar daqui em diante. À medida que se desce em direção aos túneis é inevitável deixarmo-nos levar pela dimensão do projeto. Entre as máquinas responsáveis pelas perfurações e pelo levantamento de cargas e as ligações temporárias que permitem a circulação dentro do estaleiro, tudo nos remete para a escala megalómana da empreitada.

E, enquanto o percurso nos guiava até à última barreira, o entusiasmo entre os presentes ia crescendo. Já com tudo a postos, a retroescavadora ia dando golpes certeiros na parede, até que, após várias pancadas, foi possível chegar ao outro lado, o que motivou cumprimentos, uma forte ovação e o sentimento de dever cumprido entre os responsáveis do projeto.

Aí, já com pessoas a atravessar do outro lado da parede, a festa intensificou-se, com a colocação de uma bandeira portuguesa junto ao buraco e as habituais fotografias da praxe, que servirão de recordação para mais tarde.

Foto: Artur Machado

Grande impacto na cidade

Este momento teve tal importância, que Tiago Braga fez questão de explicar o impacto que a Linha Rosa terá para a cidade do Porto, assim que estiver concluída nos inícios de 2026.

“Estimamos que sirva 8,5 milhões de utilizadores e permita evitar quase duas mil toneladas de CO2. Além disso, vai permitir fazer a viagem entre a Casa da Música e São Bento em cerca de 15 minutos, o que, em hora de ponta, pode ser uma viagem de cerca de 45 minutos”, salientou o presidente do Conselho de Administração da Metro, acrescentando que é um passo importante para a mudança de paradigma no que toca ao uso de transporte individual e que pode desempenhar “um papel importante nos planos de descarbonização”.

Já quanto aos motivos que levaram ao atraso da obra, cuja conclusão estava inicialmente prevista para julho passado, Braga assegurou que se trataram de inevitabilidades.

“Foi tudo feito para que a obra se se realizasse nas melhores circunstâncias possíveis, seja em termos de prazo, mas fundamentalmente em termos de segurança. Não tivemos nenhuma fatalidade, nem nenhum acidente grave e isso é de assinalar. No entanto, tivemos que ir ajustando o perfil da escavação às características geotécnicas da cidade do Porto, que foi necessário ser alterado à medida que a obra avançava”, justificou.

O túnel de ligação entre as estações da Galiza e da Casa da Música tem uma extensão de aproximadamente 800 metros e implica a passagem subterrânea pela Rua de Júlio Dinis e a Praça Mouzinho de Albuquerque (também conhecida por Rotunda da Boavista).

Foto: Artur Machado

Quatro estações

Recorde-se que a nova Linha Rosa vai estender-se por três quilómetros, contando com quatro estações, todas subterrâneas (São Bento II, Hospital Santo António, Galiza e Casa da Música II).

Em termos de orçamento, o montante investido nesta linha é de 304,7 milhões de euros, financiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, pelo Programa Sustentável 2030, pelo Orçamento de Estado e pelo Fundo Ambiental.

Enquanto se terminam as obras deste traçado, trabalha-se igualmente na construção de outra estação, relativa à Linha Rubi, que ligará a Casa da Música até Santo Ovídio, em Gaia.

Potenciar o transporte coletivo é missão

Cristina Pinto Dias, secretária de Estado da Mobilidade, foi uma das presenças ilustres no varamento da última barreira física entre a Galiza e a Casa da Música. Além dos agradecimentos aos trabalhadores envolvidos no projeto, deixou patente um dos objetivos desta obra. “Estamos a trabalhar para as pessoas e para as trazer para o transporte coletivo. Temos que oferecer conforto, segurança e previsibilidade para que haja esta mudança de paradigma”.