Não parecia que uma banda de pop rock do mainstream iria tocar nesta noite de sexta-feira, 5, em São Paulo. Cerca de 1h30 antes do show do Maroon 5 começar, a frente do espaço de eventos Arca, na zona oeste da cidade, estava tranquilo. Não havia o trânsito caótico que se forma quando um grande artista ou grupo se apresenta em casas de shows ou estádios. Tampouco ambulantes. Ou flanelinhas. Cambistas, então, não tiveram chance.

O Maroon 5 se apresentou em evento promovido pela Budweiser, cervejaria pertencente à Ambev. A iniciativa fez parte da estreia do projeto Bud Live BR, que quer oferecer eventos exclusivos, em formato mais intimista.

Não houve venda de ingressos. A marca selecionou, previamente, três mil fãs da banda. Eles foram ‘escolhidos a dedo’, de acordo com a organização do evento, mediante inscrição prévias. Muitos se diziam convidados.

Adam Levine, à frente do Maroon 5, em show para poucos em São Paulo Foto: Danilo Casaletti/Estadão

Seja como for, os três mil espectadores, convidados ou sorteados, puderam se sentir privilegiados. E muito mais do que quando desenbolsam grandes quantias por uma área premium e, mesmo assim, não conseguem ficar tão perto do palco. Desta vez, o vip do vip estava na lateral do palco. Não havia nada à frente deles.

Ao entrar no palco no horário anunciado, 22h, a banda, que conseguiu sua ascensão no começo dos anos 2000, apresentou setlist um pouco mais curto em relação à turnê com a qual tem excursionado atualmente – 16 das 22 esperadas.

Liderada pelo carismático vocalista e guitarrista Adam Levine – que, seguindo o protocolo, disse que os fãs brasileiros são “os melhores do mundo” – a banda privilegiou seus grandes hits de carreira. O álbum Love is Like, o oitavo da banda, lançado neste ano, recebido com desconfiança pela crítica internacional, ficou de fora.

Acusado muitas vezes de fazer um som comercial, o Maroon 5, da fato, faz um show estilo playlist – e essa é a fórmula do mercado atual. As três primeiras músicas, Harder to Breathe, This Love e Stereo Hearts, todas lançadas há mais de uma década, pegam a plateia logo de cara.

Fórmulas à parte, a apresentação tem pontos altos igualmente nos poucos solos dos integrantes da banda. O tecladista PJ Morton, que também dá apoio vocal a Levine – o cara tem carreira solo e já dividiu faixa com ninguém menos que Stevie Wonder (Only One, de 2013) -, brilha na introdução de Sunday Morning.

Levine já declarou que todas as “novidades incríveis” da música vem do hip-hop. E ele aparece, vez ou outra, no palco, como na própria Harder to Breathe, em Girls Like You e Payphone, alocada já no bis, com participação virtual do rapper Wiz Khalifa. Mas o que o grupo faz é pop. A plateia gosta. Ponto final.

O vocalista, que ainda tirou a camiseta, fez selfie com algum (mais) privilegiado perto da passarela do palco, desejou feliz aniversário para uma fã que levantou um cartaz com o pedido, deixou o palco ovacionado depois de cantar Sugar.

Maroon 5 esteve no Brasil pela última vez em 2023, quando se apresentou no The Town, em São Paulo. E voltará em menos de um ano, quando estará no Rock in Rio. em setembro de 2026, quando será o headliner do Palco Mundo, no dia 12 de setembro.

Na saída do show desta sexta-feira, um ambulante apareceu, para vender camisetas piratas da banda. Em vão. Os três mil fãs, ou aqueles que quiseram, puderam retirar gratuitamente uma camiseta exclusiva do evento com as logomarcas da banda e da patrocinadora. Para os fãs de Maroon 5, foi uma noite inesquecível.