Há um novo “bloco” no bairro, ou pelo menos vai haver em breve. A Steam Machine, o novo mini PC de gaming da Valve em formato de consola, chega no início do próximo ano. E sim, é um lançamento empolgante: há quanto tempo ninguém consegue realmente competir com o domínio da Microsoft, Sony e Nintendo no mercado das consolas, há mais de duas décadas? E como se compara, em particular, com a PlayStation 5?
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Gostava de dizer que é uma escolha simples, mas não é. A Steam Machine trará consigo todo o ecossistema da biblioteca Steam, com milhares de jogos e funcionalidades que vão além do que a Sony oferece na PS5, afinal, é também um computador Linux completo. Ainda assim, é provável que a PS5 continue a ser mais barata, mais eficiente e a ter acesso a grandes exclusivos ou simplesmente jogos mais otimizados, desenvolvidos para o hardware exato da consola. A otimização faz diferença.
Mas a escolha vai muito além de especificações e preço. A indústria de videojogos atravessa um período de instabilidade: todos os meses há novas vagas de despedimentos, aumentos de preços devido às tarifas impostas pelos EUA e cancelamentos de jogos de alto perfil como Perfect Dark ou Kingdom Hearts. Escolher uma consola é mais do que nunca um investimento de longo prazo e como poucos podem comprar todas, talvez este guia ajude: deves comprar uma PS5 ou esperar pela Steam Machine?
Especificações e desempenho
Ainda não sabemos exatamente como a Steam Machine se comporta na prática, sobretudo devido ao chipset personalizado da Valve. Mas com base nas informações oficiais e nas nossas primeiras impressões, já é possível fazer algumas previsões.
Com cerca de 15 cm de lado, o interior da Steam Machine é compacto. Sob o exterior de plástico preto encontramos componentes sólidos, mas mais próximos de um portátil do que de uma torre desktop. A Valve foi clara ao dizer que o sistema recorrerá a upscaling para atingir resoluções 4K. O GPU personalizado baseado em RDNA 3 está algures entre uma RX 7600 Mobile e uma RTX 4060. O CPU é um Zen 4 de 6 núcleos, competente, mas não de topo.
A PS5, por sua vez, usa hardware mais antigo, mas com mais potência bruta: um processador Zen 2 de 8 núcleos e uma GPU RDNA 2 ainda muito capaz. Mesmo com cinco anos de diferença tecnológica, é provável que a consola da Sony continue a oferecer melhor desempenho médio em jogos AAA. Afinal, cada título é otimizado para o mesmo hardware e isso continua a ser a vantagem das consolas.
Mesmo assim, o desempenho da Steam Machine não deve ser subestimado. É um PC em formato compacto e tudo dependerá da forma como os estúdios lidam com compatibilidade e drivers. O resultado visual será excelente, apenas não esperem o mesmo nível de consistência de uma PS5.
Vencedor: PS5
Biblioteca e funcionalidades
Se olharmos apenas para a quantidade de jogos disponíveis, a Steam Machine leva vantagem. A PS5 é retrocompatível apenas com jogos da geração anterior (PS4), enquanto a Steam Machine oferece acesso imediato a décadas de jogos da Steam. E se já tens uma biblioteca considerável, a vantagem é ainda maior.
No entanto, há algo que continua exclusivo da PlayStation: os grandes títulos próprios. A PS5 continua a ser o único lugar onde podes jogar Ghost of Yotei ou Death Stranding 2: On the Beach e o ecossistema Sony ainda é sustentado por mais de 80 milhões de consolas vendidas. Apesar de alguns jogos terem chegado ao PC, como Spider-Man, a lista de verdadeiros exclusivos é poderosa.
Em termos de usabilidade, a PS5 mantém a simplicidade clássica: ligas, jogas. A Steam Machine, sendo um PC, poderá exigir pequenos ajustes e configurações, especialmente em jogos que ainda não tenham o selo Steam Machine Verified.
Fisicamente, as duas são opostos: a Steam Machine é minúscula, quase uma versão “séria” da GameCube (ou uma “GabeCube”, se preferirem), enquanto a PS5 continua a ser um colosso branco e preto difícil de encaixar em qualquer móvel. A consola da Sony, porém, tem uma versão com leitor de discos, permitindo colecionar jogos físicos ou ver Blu-ray, algo que a Steam Machine não oferece.
Ambos os sistemas partilham curiosas semelhanças: comandos com touch pad, dispositivos de streaming dedicados (PS Portal vs Steam Deck) e soluções de realidade virtual (PSVR 2 vs Steam Frame). São, no fundo, duas filosofias diferentes com ecos surpreendentemente semelhantes.
Vencedor: Empate
Preço
O preço é onde a PS5 pode manter vantagem. Mesmo com aumentos causados por tarifas, a edição digital pode frequentemente ser encontrada na casa dos €349,99 muito abaixo dos 700 ou 800 dólares que a Steam Machine deverá custar. O mesmo padrão repete-se com os acessórios: o PS Portal é mais barato que o Steam Deck e o PSVR 2 mais acessível que o Steam Frame.
No entanto, se já possuis uma vasta biblioteca na Steam, o investimento inicial pode compensar. Podes jogar centenas de títulos sem gastar mais nada, enquanto na PS5 provavelmente vais querer comprar novos jogos para tirar partido do hardware. Com exclusivos como Ghost of Yotei e Death Stranding 2, as contas equilibram-se rapidamente.
Se a Valve surpreendesse e lançasse a Steam Machine a 500 dólares, a balança mudaria de imediato. Mas como a empresa já confirmou que não vai subsidiar o hardware, é improvável que isso aconteça.
Vencedor: Empate

O vencedor é… a PS5 (por agora)
Nesta comparação, a Sony leva vantagem, ainda que por pouco. A PS5 continua a ser uma máquina mais potente e graças à otimização exclusiva, oferecerá melhores resultados em jogos AAA nos próximos anos.
Mas a diferença de desempenho pode não ser tão relevante como parece. A maioria dos jogadores dificilmente notará a diferença a olho nu, a não ser que os jogos das duas plataformas sejam colocados lado a lado. Em tudo o resto, as consolas estão mais próximas do que nunca.
Se já tens uma grande biblioteca na Steam, a Steam Machine pode ser a escolha lógica, mesmo que custe mais. Mas se estás a começar do zero, a PS5 continua a oferecer o melhor equilíbrio entre potência, preço e catálogo.