NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS

Quanto tempo o tempo tem em Marte? Físicos mediram pela primeira vez, com grande precisão, como o tempo passa no Planeta Vermelho, ao calcular a diferença de um relógio atómico marciano em relação a um terrestre.

Um grupo de físicos do National Institute of Standards and Technology (NIST), nos Estados Unidos, acaba de calcular com uma precisão inédita a forma como o tempo passa em Marte em comparação com a Terra, um passo considerado essencial para qualquer futuro programa de presença humana permanente no Planeta Vermelho.

Recorrendo à fórmula da dilatação do tempo da teoria da relatividade, a equipa analisou em detalhe o movimento de Marte e o efeito da sua gravidade sobre relógios atómicos, e concluiu, em estudo publicado na The Astronomical Journal, que um relógio colocado à superfície de Marte adiantaria, em média, 477 microsegundos por dia em relação a um relógio idêntico na Terra. Um microsegundo corresponde a um milionésimo de segundo, mas estes desvios acumulam-se ao longo do tempo.

O valor, porém, não é constante, realça o IFL Science. Devido à órbita excêntrica de Marte, a diferença diária pode variar até 226 microsegundos, consoante a posição do planeta na sua trajetória em torno do Sol. É mais ou menos o que acontece na Lua: estudos recentes estimaram que, no satélite natural da Terra, os relógios adiantam cerca de 56 microsegundos por dia, de forma muito mais estável, graças às órbitas quase circulares da Lua à volta da Terra e da Terra em torno do Sol.

No caso de Marte, isso não acontece. A distância ao Sol e a órbita excêntrica fazem com que as variações no tempo sejam maiores. “Um problema de três corpos já é extremamente complicado. Agora lidamos com quatro: o Sol, a Terra, a Lua e Marte”, explicou o físico do NIST Bijunath Patla, citado em comunicado.

Para chegar aos resultados, os investigadores tiveram de considerar simultaneamente a gravidade à superfície de Marte, a sua órbita alongada e ainda os efeitos gravitacionais do Sol, da Terra e até da Lua. O objetivo é antecipar quais os ajustes necessários para manter relógios e sistemas de navegação sincronizados entre os dois planetas.

Sistemas de navegação futuros em Marte, à semelhança do GPS terrestre, dependerão de relógios extremamente precisos, cujas taxas são afetadas conforme descrito pela teoria geral da relatividade de Einstein. Na prática, isto significa que uma pessoa envelheceria ligeiramente mais depressa em Marte: ao fim de 50 anos no planeta vizinho, seria cerca de 9 segundos mais velha do que se tivesse permanecido na Terra.


Subscreva a Newsletter ZAP


Siga-nos no WhatsApp


Siga-nos no Google News