Um emigrante português de 59 anos, residente em Saxon, no cantão suíço do Valais, foi condenado a oito anos de prisão pelos crimes de violação e sequestro de uma jovem portuguesa, que manteve detida no seu apartamento durante cerca de um ano. A informação foi avançada pelo jornal suíço 24 heures, que acompanhou o julgamento realizado em Martigny em 27 de novembro.
A vítima, atualmente com 27 anos, prestou depoimento por videoconferência a partir do Tribunal de Viana do Castelo, revelando que vivia em permanente medo e que era obrigada a fazer-se passar por “mulher” do agressor.
Segundo descreveu ao tribunal, era forçada a ter relações sexuais diariamente e impedida de sair sozinha, tendo o homem confiscado os seus documentos de identificação para evitar qualquer tentativa de fuga. A jovem regressou a Portugal em julho de 2022, pouco depois de conseguir escapar com a ajuda fortuita de um transeunte.
De acordo com o 24 heures, o agressor, que conhecia a família da vítima, convenceu-a a viajar para a Suíça em 2021 com a promessa de emprego e de melhores condições de vida. Contudo, ao chegar ao país, foi enclausurada e sujeita a um regime de controlo absoluto. No tribunal, a defesa tentou argumentar que não existia sequestro, alegando que a jovem poderia ter fugido pelas janelas do rés do chão. Porém, a acusação salientou que a vítima vivia sob ameaça psicológica e sem qualquer apoio, desconhecendo o território, sem falar francês e sem acesso a documentos ou recursos financeiros.
O tribunal reconheceu a consistência do testemunho da jovem e condenou o homem, que poderá ainda recorrer da decisão. Caso a sentença transite em julgado, além da pena de prisão, ficará proibido de permanecer em território suíço durante dez anos. A vítima irá receber 15 mil francos suíços a título de indemnização por danos morais.