Surto estelar tardio revela como nascem planetas gigantes gasosos (Imagem: Gerada por IA/ Gemini) Fala Ciência

As primeiras fases de uma estrela costumam ser descritas como períodos de crescimento constante, com material do disco protoplanetário sendo incorporado lentamente. No entanto, novas análises indicam que estrelas jovens de massa intermediária passam por um inesperado “estirão” final, semelhante a um surto de crescimento na adolescência. Esse comportamento altera o entendimento atual sobre como gigantes gasosos como Júpiter se formam.

Logo no início da evolução estelar, a presença de gás e poeira dificulta a observação direta desses discos. Ainda assim, modelos e evidências recentes mostram que o processo de formação planetária pode ser muito mais dinâmico do que se imaginava. Para facilitar a compreensão, alguns pontos são essenciais:

  • Estrelas T Tauri de massa intermediária (IMTTS) acumulam material mais lentamente;
  • Estrelas Herbig, seu estágio evolutivo seguinte, apresentam taxas de acreção muito mais altas;
  • O aumento da radiação ultravioleta extrema (FUV) parece ser o motor desse crescimento acelerado;
  • Esse comportamento resolve o dilema dos discos massivos e instáveis.

Quando o calor vira motor de crescimento estelar

A pesquisa publicada no The Astronomical Journal, liderada por Sean Brittain, mostra que o aumento da temperatura dessas estrelas ao longo do tempo intensifica a emissão de FUV. Essa radiação ioniza parte do gás do disco, permitindo maior interação com o campo magnético estelar. Como consequência, a turbulência interna cresce e o material flui para a estrela com muito mais eficiência.

Estrelas jovens surpreendem com crescimento que favorece mundos colossais (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
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Esse “pico tardio” elimina a necessidade de discos extremamente massivos, os quais seriam instáveis e cria condições mais favoráveis para o surgimento de planetas gigantes gasosos. O novo modelo também se alinha às observações recentes de discos espirais ao redor de estrelas Herbig, formações que sugerem atividade planetária intensa.

O que o comportamento espiral revela sobre planetas em formação

As estruturas espirais observadas com instrumentos como ALMA e SPHERE costumam indicar perturbações provocadas por corpos massivos em formação. O fato de essas estruturas surgirem somente em estrelas Herbig reforça a ideia de que o surto de crescimento tardio cria um ambiente ideal para o desenvolvimento de planetas de grande porte.

Com isso, o estudo oferece uma solução elegante: discos menores, estáveis e duradouros, aliados a um aumento progressivo da radiação FUV, são suficientes para sustentar o crescimento estelar e planetário por milhões de anos.