“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, anunciou Flávio Bolsonaro, na rede social X. A publicação cessa anos de dúvidas sobre o sucessor do antigo chefe de Estado, inelegível desde 2023 após uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, ainda antes do processo do golpe que resultou na sua prisão.
Senador pelo Rio de Janeiro, o filho mais velho do ex-presidente era um dos nomes especulados da família, tendo ganhado força após o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro, ter ido morar nos Estados Unidos. A partir da América do Norte, o político tem feito campanha para que o Governo Trump aplique sanções e tarifas ao Brasil – que foi atingido com uma taxa alfandegária de 40%, atenuada posteriormente com isenções a setores específicos.
Assim como as alas bolsonaristas veem com bons olhos a escolha de um descendente do próprio ex-presidente para a disputa eleitoral do próximo ano, o Palácio do Planalto comemorou a decisão também. Segundo o portal G1, o Governo espera repetir um cenário de polarização similar ao de 2022, pois o nome Bolsonaro nas urnas causa uma aversão em parte dos eleitores.

Foto: Evaristo Sá/AFP
O anúncio foi criticado pelo grupo conhecido como “Centrão” – grande bancada parlamentar composta por partidos do Centro-direita e Direita que, mais do que posições ideológicas, procuram estar próximos do poder. Forças políticas ouvidas pelos jornais “Folha de S. Paulo” e “O Globo” acreditam que Flávio Bolsonaro não manterá a candidatura presidencial, já que, segundo estes, o senador não conseguirá uma união à Direita, diferentemente do que pensam em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O chefe de Governo do estado mais populoso do Brasil terá de escolher se tentará a reeleição ou se concorrerá ao Planalto. Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas tem hesitado em declarar abertamente a intenção de disputar a Presidência, já que a família do ex-presidente quer manter a influência no cenário político.
Cenário eleitoral nas sondagens
Tanto o “Centrão” quanto o Governo acreditam que Tarcísio de Freitas é um nome que pode angariar mais votos, já que pode ser visto como “moderado”. Uma sondagem do instituto AtlasIntel, divulgada na terça-feira, revelou que, na primeira volta, Lula da Silva tinha 47,3% contra 23,1% de Flávio Bolsonaro. Já no cenário de que o governador de São Paulo concorra, o atual presidente tem 48,4% das intenções de voto e Tarcísio de Freitas tem 32,5%, na primeira volta.
O levantamento não inclui um cenário de segunda volta entre Lula e o filho de Bolsonaro. Já uma disputa direta entre Lula e Tarcísio fica mais renhida, com 49% e 47% das intenções de voto, respetivamente.
O ceticismo com a candidatura de Flávio Bolsonaro repercutiu nos mercados. A Bolsa de São Paulo teve uma queda de 4,31% na sexta-feira, a maior desde fevereiro de 2021, e o dólar e o euro fecharam com uma alta de mais de 2% cada em relação ao real.
A possível fragmentação da Direita explica o mau resultado. “A princípio, cogitava-se a candidatura de Tarcísio de Freitas, que, como governador de São Paulo, já contava com uma base eleitoral consolidada e uma projeção favorável”, disse Marcos Praça, diretor de análise da consultora Zero Markets Brasil, citado pelo G1.