Paulo Portas descreve nestas palavras o novo documento de 33 páginas divulgado pela Casa Branca, que detalha a visão do presidente sobre a política externa

A nova Estratégia de Segurança Nacional anunciada pela administração Trump “é estranhamente muito hostil para a Europa, mansa com a China e assombrosamente neutra sobre a Rússia”, descreve Paulo Portas.

No Global desta semana, que decorreu excecionalmente este sábado, no Jornal Nacional da TVI, o comentador descreve assim o documento de 33 páginas que revela a visão do presidente norte-americano para a política externa. No entender de Paulo Portas, o documento “não tem linguagem diplomática nem militar, é um documento de linguagem política, nalguns casos politiqueira, mais próprio de uma convenção de um partido do que para representar a política oficial de um Estado que é, por acaso, a primeira economia do mundo e líder do Ocidente.”

Curiosamente, diz o comentador, aquilo que se apresenta como “um documento de força”, na verdade, “revela as vulnerabilidades dos EUA de hoje”, em que o presidente Donald Trump “não consegue oferecer nenhuma expectativa, nenhuma visão, para os problemas principais que os EUA enfrentam, nomeadamente como conter a China, o que só é possível com alianças – uma palavra quase ausente neste documento”, nota Paulo Portas.

Numa narrativa que assenta na ideia de que “os americanos ainda estão sentimentalmente ligados à Europa”, Donald Trump disse por outras palavras “aquilo que gostaria de ter dito”, que, segundo o comentador, é que “a União Europeia devia acabar”.

Por outro lado, prossegue Paulo Portas, Donald Trump “é manso em relação à China” e dá a entender que, “acima de tudo, o que ele [o presidente dos EUA] quer é um acordo com a China”.

Já “em relação à Rússia é mesmo um desastre”, qualifica o comentador. “A primeira palavra que ele diz no capítulo sobre a Europa é que ‘é preciso uma relação estável com a Rússia’. Não há Ucrânia, não há invasão, não houve Geórgia, não houve ameaças sobre os bálticos.

Ora, na perspetiva de Paulo Portas, “não se consegue fazer um documento estratégico ignorando os dois maiores problemas que se tem”, designadamente “o expansionismo da Rússia” e “o crescimento da China que, sem aliados, não se consegue conter.”