A organização intergovernamental, sediada em Genebra, que opera o maior laboratório de física de partículas do mundo, admitiu Israel como o seu 21.º Estado-membro no início de janeiro de 2014. No entanto, em plena guerra em Gaza uma petição assinada por milhares dos seus cientistas exige que o CERN termine a sua relação com Israel. 

“Como cientistas, não podemos tolerar que o atual estado de guerra imposto pelo governo israelita aos palestinianos, juntamente com o número inaceitável de mortes e a afronta à dignidade humana, também comprometa a colaboração pacífica contínua entre cientistas israelitas e palestinianos, entre si e com o resto da comunidade”, pode ler-se na petição que contava esta terça-feira de manhã com 1096 assinaturas. 


 


A comunidade científica pede aos órgãos dirigentes do CERN que analise as ações de Israel à luz do Código de Conduta interno – que exige aos seus colaboradores que se “comportem de forma ética” – e que se certifique que a investigação produzida não serve os interesses políticos de Israel.  


“O executivo israelita deixou de distinguir entre território nacional e território ocupado, implementando declaradamente a agenda eliminacionista do movimento dos colonos. Assim, a investigação para fins civis corre o risco de alimentar o conjunto relevante de violações graves e crimes internacionais”, alerta. 


Ativistas retiram bandeira israelita em frente ao CERN

Na passada sexta-feira vários ativistas filmaram-se em frente à entrada do CERN em Meyrin, em Genebra, a retirar a bandeira israelita do mastro e a atirá-la para um caixote do lixo, segundo relata o Tribune de Genève. A ação simbólica filmada foi alvo de uma queixa por parte da organização europeia, segundo uma ativista citada pelo jornal suíço. 

À semelhança do que aconteceu anteriomente com a Rússia, a cooperação com
Israel está a ser questionada. Recorde-se que em 2024, o CERN terminou a sua cooperação com a Rússia e a Bielorrússia, em resposta à invasão militar russa da Rússia e à suspensão do Estatuto de Observador da Federação Russa no Conselho do CERN, em março de 2022, explica a instituição em comunicado


O CERN ainda não se pronunciou sobre o apelo da comunidade científica. Mas a próxima reunião do Conselho do CERN está agendada para o final de setembro.